SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo inaugurou o Centro Educacional Unificado (CEU) da Cidade Ademar, na zona sul da capital, nesta quarta-feira (10). A unidade foi batizada em homenagem ao apresentador Silvio Santos.
O local tem capacidade de atender 6.000 pessoas por dia e recebeu R$ 82 milhões de investimento. Ele também abriga a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Padre Anthony John Conry, que deve atender 540 alunos dos 6 aos 14 anos matriculados em período integral.
Representantes dos moradores questionaram a escolha do nome do fundador do SBT, morto em agosto do ano passado. “Fazer homenagem para o Silvio Santos, uma pessoa que não aparece na comunidade, foi um desrespeito”, afirmou Daniel dos Reis, secretário do Conselho Participativo Municipal. “Não é contra o nome do Silvio Santos, mas é a história de luta que o padre Tony tem”.
Anthony John Conry, apelidado de Padre Tony pela população, foi um missionário irlandês que além de se dedicar à evangelização fundou o Colégio São Francisco de Assis. Ele morreu em julho de 2023 aos 85 anos e, segundo os moradores, a liderança do religioso foi essencial na luta pela instalação do CEU na Cidade Ademar.
“O padre Tony sempre nos ajudava. Tinha um salão paroquial das igrejas comunitárias aqui onde ele acolhia a população e o pessoal fazia reunião para moradia e pelo CEU”, disse Reis.
O nome dele foi escolhido para a escola que ficará no local, mas moradores que conversaram com a reportagem disseram que preferiam que também fosse o nome do CEU.
Presente ao evento nesta quarta, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) justificou a escolha como uma forma de reconhecer o que o apresentador e empresário fez pelo país e considerou que houve uma homenagem dupla.
“A gente precisa homenagear essas pessoas para que essas referências possam estar na memória das pessoas, para que sejam exemplos”, disse ele. “A gente tem nesse ambiente duas personalidades homenageadas, trazendo uma mensagem de paz no momento em que o país vive uma turbulência tão grande”.
Durante os discursos, houve gritos de protestos e de apoio a escola dos nomes.
Líderes comunitários chegaram a reunir dez mil assinaturas reivindicando a construção de um CEU na região. Uma petição online aberta no fim de agosto também reuniu 1.200 assinaturas para solicitar que o nome da unidade fosse em homenagem ao Padre Tony, sem sucesso.
“Eles chegaram com esse nome [Silvio Santos] assim, do nada. A nossa pergunta é: quem escolheu? Pelo discurso do prefeito, foi ele, mas onde entra uma participação da comunidade, das pessoas que estão aqui representadas?”, disse Clair dos Santos, coordenadora do Movimento de Moradia Missionária Cidade Ademar.
Além de Nunes, três filhas do apresentdor também participaram do ato. “Que todas as diferenças fiquem igualitárias, porque aqui não há sobrenomes, política e artistas. É sobre educação”, disse Silvia Abravanel, uma delas.