SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O documentário “Apocalipse nos Trópicos”, da cineasta Petra Costa, voltou a ganhar destaque internacional. A produção foi mencionada em uma reportagem publicada pela New Yorker, que dedicou parte de sua nova edição ao julgamento de Jair Bolsonaro.
A obra cinematográfica acompanha de perto os bastidores da ascensão do ex-presidente e sua ligação com o pastor Silas Malafaia, apontado como um dos principais aliados e articuladores políticos do líder da extrema direita no Brasil.
Petra, que já havia chamado atenção em 2020 com o indicado ao Oscar “Democracia em Vertigem”, aparece na reportagem não apenas como diretora, mas como voz ativa sobre o atual momento político. À revista, ela afirmou:
“É interessante ver que estamos trocando de lugar com os Estados Unidos, de alguma forma. Os Estados Unidos promoveram o golpe militar brasileiro [de 1964], mas agora o Brasil é a primeira nação a realmente derrotar essa onda de novo fascismo, enquanto os Estados Unidos se mostraram incapazes de fazer qualquer coisa sobre sua própria tentativa de golpe e até elegeram Donald Trump novamente.”
Na matéria, a New Yorker descreve o documentário como uma análise profunda da onda de pentecostalismo que remodelou o cenário político brasileiro. O texto sublinha como Bolsonaro e Malafaia combinaram discurso espiritual e projeto populista, em especial durante a campanha presidencial.
A reportagem relembra que, em cultos e palanques, Malafaia atacava o chamado “marxismo cultural” e exigia o afastamento de “malucos de esquerda”, enquanto Bolsonaro prometia armar a população e rejeitava a demarcação de terras indígenas.
“Apocalipse nos Trópicos” reúne imagens gravadas ao longo de uma década, revelando os bastidores da aproximação entre religião e política no país.