SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Tem alguma coisa errada”, disse o consultor de gestão de projetos brasileiro Helio Costa quando, parado no sinal vermelho com um amigo que visitava em Doha, percebeu o barulho de explosões e tremor no carro.

Ele estava a cerca de 300 metros do condomínio bombardeado por Israel na terça (9), na primeira ação do Estado judeu contra a capital do Qatar, no qual foram alvejadas lideranças do grupo terrorista palestino Hamas.

Costa, que mora em Portugal, voltava de uma missão de trabalho na Arábia Saudita, passando dois dias em Doha. Com seu amigo, passeava pelas largas avenidas da capital do emirado. “O sinal fechou e começou um barulho. O carro tremeu, achei que alguém tinha batido”, relatou à Folha de S.Paulo por meio de app de mensagens.

Foi quando ele ouviu as explosões, 10 a 12 em suas contas, ocorrendo à sua frente. Ele deixou o carro para ver melhor o que ocorria, e só depois começou a filmagem da cena. “Se o sinal estivesse aberto, eu ia passar ao lado do local das bombas”, afirmou ele.

Ele, assim como o colega, foram pilotos de caça na Força Aérea Brasileira. Costa não viu ou ouviu nenhum avião empregado na ação. O consultor só soube o que havia ocorrido um pouco mais tarde, quando começaram a pipocar as notícias sobre a ação na internet.

As Forças de Defesa de Israel não deram nenhum detalhe da operação, que levantou sobrancelhas e atraiu crítica ao governo de Binyamin Netanyahu mundo afora —os membros do Hamas negociavam a difícil acomodação para o fim do conflito na Faixa de Gaza, que ocorre desde que os terroristas lançaram o ataque de 7 de outubro de 2023 ao Estado judeu.

Costa avalia que talvez nada ocorresse com seu veículo, mesmo que estivesse ao lado do ponto das explosões, porque elas foram concentradas dentro de um condomínio. “Tinha um muro entre o local e a avenida. Quando a fumaça passou um pouco e o sinal abriu, passamos, mas não dava para ver nada”, disse.

Ainda assim, ele não se queixa da sorte. “Lição aprendida: nunca reclame do sinal vermelho”, disse.