Da Redação

O julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF) ultrapassou as fronteiras do Brasil e gerou um embate diplomático com os Estados Unidos. Na noite desta terça-feira (9), o Itamaraty divulgou nota oficial repudiando declarações de Washington que sugeriram o uso de sanções econômicas e até força militar para defender a liberdade de expressão no país.

“O governo brasileiro não aceitará qualquer tipo de interferência externa. A proteção da democracia e o respeito à vontade popular expressa nas urnas são responsabilidades inegociáveis dos Poderes da República”, afirmou o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

A tensão começou após a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmar que a administração de Donald Trump não hesitaria em usar o poderio econômico e militar norte-americano para “proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”, em referência ao processo contra o ex-presidente brasileiro.

A reação no Brasil foi imediata. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso em Manaus, classificou a situação como grave e acusou Bolsonaro e seus aliados de buscarem apoio internacional para pressionar as instituições brasileiras. “Tiveram a ousadia de ir aos Estados Unidos falar mal do Brasil”, disse.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou a postura da Casa Branca e apontou articulação do deputado Eduardo Bolsonaro para envolver Washington no caso. “Chegamos ao cúmulo: ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. É inadmissível”, escreveu nas redes sociais.

Enquanto isso, o julgamento no STF segue em andamento. Até agora, dois ministros — Alexandre de Moraes e Flávio Dino — já votaram pela condenação. O desfecho depende dos votos de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que devem se manifestar nesta quarta-feira (10).