Da Redação
Concluir a faculdade no Brasil ainda é um divisor de águas. De acordo com o relatório Education at a Glance, divulgado nesta terça-feira (10), quem termina o ensino superior recebe, em média, 148% a mais do que alguém que parou no ensino médio. Esse salto salarial é quase três vezes maior que a média observada nos países da OCDE, onde o ganho adicional fica em 54%.
A pesquisa também mostra como a escolaridade afeta o risco de desemprego. Entre jovens de 25 a 34 anos sem ensino médio, 10% estão fora do mercado de trabalho. O índice cai para 8% entre os que concluíram essa etapa e chega a apenas 5% entre quem tem diploma universitário. Nos países da OCDE, os percentuais são parecidos, mas menos desiguais: 13%, 7% e 5%, respectivamente.
Apesar do peso da educação nos números, especialistas alertam que cresce a descrença entre os jovens brasileiros. Faltas constantes às aulas e abandono precoce têm se tornado rotina. Segundo outro levantamento internacional da OCDE, o TIMSS, 21% dos estudantes no Brasil faltam pelo menos uma vez por semana — proporção que coloca o país em terceiro lugar em um ranking de 36 nações.
Cursos mais escolhidos e evasão
Enquanto na OCDE as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) disputam espaço com negócios, administração e direito, no Brasil o cenário é desigual: 34% dos universitários estão nesses últimos dois cursos, contra apenas 16% nas áreas de STEM.
Além da escolha concentrada, a evasão também é um gargalo. Apenas 49% dos alunos brasileiros conseguem se formar até três anos após o prazo previsto, bem abaixo dos 70% da média da OCDE. Isso ajuda a explicar por que apenas 24% dos jovens de 25 a 34 anos no Brasil concluíram o ensino superior, contra quase metade nessa faixa etária nos países desenvolvidos.
Investimento abaixo da média
O Brasil gasta, em média, US$ 3,7 mil por estudante ao ano, um terço do que é investido na OCDE. Mesmo assim, o percentual do PIB destinado à educação (4,3%) é maior do que o da organização (3,6%). A previsão é que, com a queda do número de crianças nos próximos anos, o gasto por aluno possa subir.
A OCDE e o Brasil
Conhecida como um fórum que reúne principalmente países desenvolvidos, a OCDE busca comparar e incentivar boas práticas em áreas como economia, comércio, ciência e educação. Embora não faça parte oficialmente, o Brasil participa como convidado e fornece dados para o levantamento anual.