SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de lançamentos de imóveis sem vagas de garagem mais do que dobrou neste ano na cidade de São Paulo. Considerando os primeiros sete meses, o número de unidades entregues saltou de cerca de 6.500 em 2024 para mais de 15,6 mil em 2025, segundo o Secovi-SP (sindicato patronal do setor imobiliário).
Ainda segundo a entidade, 43% dos empreendimentos lançados no último ano têm essa configuração, e o percentual sobe para 78% em condomínios erguidos dentro do programa federal Minha Casa, Minha Vida.
Os dados mostram que, apesar de haver mais apartamentos sem vagas no mercado imobiliário paulistano, a maioria dos lançamentos ainda tem garagem, embora restrita a algumas unidades.
Desde 2023 a revisão do Plano Diretor Estratégico permite que unidades com até 30 m² não tenham vagas, diferente da versão de 2002, que determinava uma para cada apartamento com até 200 metros quadrados e duas para unidades com metragens maiores.
Apesar de as unidades nesse perfil custarem, em média, de R$ 10 mil a R$ 30 mil a menos por metro quadrado, a decisão por esse tipo de imóvel não passa necessariamente pelo custo, segundo Ely Wertheim, CEO do Secovi-SP. “Está mais atrelada ao comportamento do mercado consumidor.”
Em comum, são condomínios onde a maioria dos apartamentos tem metragem enxuta e localizados próximos a eixos de transporte público. “Quanto menor for o apartamento e mais próximos dos meios de transporte, menor é a necessidade de vagas de garagem”, diz Wertheim.
Um desses empreendimentos foi lançado há poucos meses na rua Frei Caneca, na zona central de São Paulo. As unidades com até 37 metros quadrados são ofertadas a aluguéis de curta temporada a turistas e visitantes interessados na localização privilegiada, como Thales Vinicius Cardoso, 25, que escolheu se hospedar em uma das unidades durante estadia na cidade. “É muito fácil se locomover”, diz.
Moradores da Frei Caneca, porém, reclamam que o aumento de prédios com esse perfil piorou o trânsito no local devido ao maior fluxo de carros por aplicativo.
A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), por meio da secretaria de Urbanismo e Licenciamento, diz que a revisão do Plano Diretor estabeleceu incentivos a empreendimentos habitacionais sem vagas de garagem em uma política de desestímulo ao uso do automóvel em prol do transporte público.