SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não resta dúvida de que a cena é bonita: ipês de diferentes cores espalhados pela cidade bastante floridos. O fenômeno pode estar relacionado apenas ao atraso da floração do ipê amarelo, que se juntou à do rosa e à do branco, mais comuns no mês de setembro.
Mas também acende o alerta para o risco de superbrotamento, um problema de saúde que atinge algumas variedades da espécie, causada pela bactéria Candidatus phytoplasma, que provoca o crescimento desordenado nas pontas dos ramos, também conhecido como vassoura-de-bruxa, provocando um atrofiamento e consequente enfraquecimento da árvore.
Por enquanto, não há registros de que o problema tenha atingido as espécies brasileiras. Segundo a coordenadora da Câmara Especializada de Agronomia (CEA) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), Gisele Herbst Vazquez, a doença é registrada numa variedade vinda de El Salvador, na América Central, que foi plantada em alguns municípios pelas prefeituras.
O problema do superbrotamento já foi encontrado neste ano em Belo Horizonte e em Campo Grande, por exemplo. Outros pesquisadores já estão buscando casos semelhantes em outras cidades brasileiras e também saber se já existe alguma variação que atinge as espécies nativas.
Comum no paisagismo urbano, o ipê é encontrado em diferentes regiões do Brasil. Por isso mesmo, segundo Gisele, sua flor passou a ser um símbolo nacional desde 1961.
O ipê costuma florescer no inverno, escalonado entre diferentes espécies. O roxo é o primeiro, a partir de junho, e o branco, até outubro, fecha o ciclo. Muitas vezes, fenômenos climáticos provocam um atraso ou adiantamento das floradas. “Afinal, as árvores não têm calendário”, brinca Gisele.
Para os ipês, a chegada do inverno representa um período diário menor de iluminação solar. Eles também costumam explorar as últimas chuvas do outono e o frio para preparar a sua florada. As folhas caem pouco antes de as árvores começarem a florir. É o grande esforço da árvore para que a floração seja intensa.
Segundo o biólogo José Milton Longo, sócio da FIBRAcon Consultoria Ambiental, as grandes variações de temperatura e umidade e a alternância de frentes frias e ondas de calor ajudam a entender o fenômeno que juntou o florescimento de diferentes tipos de ipês.
Sua polinização é cruzada, ou seja, depende de um agente para o transporte do pólen para outra árvore da mesma espécie. Geralmente, a tarefa é exercida por insetos, pássaros e pelo próprio vento. Por isso mesmo, a floração é um momento anual importante para o ipê. Como a espécie floresce no inverno, ela tem uma concorrência menor de outras espécies na busca por agentes polinizadores.
Gisele lembra que o cuidado com as árvores não pode se restringir a admirar suas floradas. Além de doenças, diz, a poda radical e sem os devidos cuidados com a preservação da saúde delas, os danos provocados nas raízes e nos caules são grandes inimigos das árvores que vivem em ambiente urbano.
O PERÍODO DE FLORESCIMENTO DAS ESPÉCIES DE IPÊ DO BRASIL
_Cada floração dura de 7 a 10 dias_
– Roxo: de junho a julho
– Amarelo: de julho a agosto
– Rosa: de agosto a setembro
– Branco: de setembro a outubro