BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, apresentou nesta terça-feira (9) ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, algumas alternativas após a compra pelo BRB (Banco de Brasília) ter sido rejeitada pela autoridade monetária.

As propostas, contudo, seguem na mesa de discussão, e não houve um encaminhamento formal por parte do banco privado, segundo relato de um interlocutor a par das discussões.

Esse foi o primeiro encontro entre o dono do Master e o chefe do BC desde que a decisão do regulador foi anunciada na última quarta-feira (3). O banqueiro chegou à sede da autoridade monetária, em Brasília, por volta das 15h20 e saiu às 16h40, sem falar com a imprensa.

A reunião ocorreu quase uma semana após o BC vetar a compra do Master pelo BRB. A avaliação do caso durou cerca de cinco meses. A transação englobava R$ 23 bilhões em ativos.

Além de Galípolo e Vorcaro, também participaram da reunião os diretores Ailton de Aquino (Fiscalização) e Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e de Resolução) -este último por videoconferência.

Mais cedo, Ailton e Renato já tinham conversado por videoconferência com Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, e Dario Oswaldo Garcia Junior, diretor-executivo de finanças e controladoria do banco do Distrito Federal. No encontro, eles trataram de “assuntos de organização do sistema financeiro”, conforme a agenda pública do Banco Central.

Vorcaro se reuniu com Galípolo ao menos cinco vezes desde o anúncio da aquisição de 58% das ações do Master pelo BRB, em 28 de março, contabilizando o encontro desta terça. Além dos compromissos com o dono do Master, o presidente do BC também se encontrou, nos últimos meses, com representantes do banco estatal e com banqueiros de diversas instituições financeiras para discutir o tema.

Na última sexta (5), Galípolo afirmou que o Master não representa risco à saúde do sistema bancário brasileiro, mas não comentou as razões por trás da decisão de rejeitar a transação com o BRB. Na ocasião, reforçou que o voto do colegiado é secreto por envolver informações sob sigilo.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, um dos motivos para a recusa foi o risco de sucessão, quando o futuro responsável do negócio, que seria o banco do governo do DF, precisa assumir toda ou grande parte das transações não conhecidas do Master.

Pesou na decisão o risco de contaminação do “bad bank” (banco ruim) -a fatia do Master de ativos sem liquidez e de maior risco- sobre a parcela do “good bank” (banco bom), que o BRB se propôs a comprar de Vorcaro.

O valor dessas transações poderia ser muito elevado para o BRB, a ponto de ele não ter patrimônio suficiente para lidar com o risco.

A possível aquisição de 58% do Master pelo BRB foi anunciada em 28 de março. Pelo acordo, o BRB compraria 49% das ações ordinárias (com direito a voto) e 100% das preferenciais do Master, detidas pela Master Holding Financeira e DV Holding Financeira.

Após ajustes no perímetro da operação, o acordo previa a compra de R$ 23 bilhões pelo BRB em ativos do Master, que ficaria com cerca de R$ 48 bilhões restantes. Um dos caminhos possíveis é a negociação com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

O FGC só pode agir se for provocado pelo controlador do Master, solicitando uma linha de assistência, ou pelo próprio BC, em casos de intervenção e liquidação.