CURITIBA, PR E MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – Durante agenda em Manaus (AM) nesta terça-feira (9) ao lado de Lula, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez um discurso em que criticou as ameaças que estão sendo feitas pelo governo dos Estados Unidos à Venezuela e pregou a união latino-americana, pedindo que os países da região não silenciem diante das investidas de Donald Trump.
“Agora caiu um míssil em uma lancha civil venezuelana, ou de Trinidad e Tobago, ainda não está claro. Mas houve mortes, pessoas civis sem armas. Eles estavam levando cocaína? Não sabemos. Foram alvejados em águas de Trinidad e Tobago. Isso é um assassinato. E a América Latina é a dona do Caribe. Ela vai ter que suportar isso e ficar calada?”, questionou Petro. “Podem cair bombas em Manaus, Rio de Janeiro, Bogotá, e outras cidades. Vamos ficar calados ou vamos parar e nos unir?”.
Ainda sobre as ameaças dos EUA, Petro afirmou que a Colômbia “não vai emprestar seu território para nenhuma ação em país vizinho” e que “bombas não podem vir antes de diálogo”.
As declarações foram dadas na cerimônia de inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus. Segundo o governo federal, a unidade, chamada CCPI Amazônia, com sede em Manaus, quer promover a colaboração entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal no enfrentamento de crimes ambientais, tráfico de entorpecentes, armas e pessoas.
“Existe um problema político lá [na Venezuela]. Eu mesmo não reconheci o resultado eleitoral [em 2024, em pleito que deu vitória a Nicolás Maduro]. Mas isso não significa que isso seja resolvido com mísseis, como na Palestina”, disse o presidente colombiano.
Petro também criticou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e o comparou a Adolf Hitler. “Dias atrás foi atacado um barco civil que levava alimentos para crianças famintas da Palestina. Então estamos diante de um genocídio, como em Auschwitz. E temos um Hitler por atrás disso”, discursou Petro, acrescentando que ninguém deveria apoiar governos que colaboram com Israel.
Petro fez um discurso mais longo que Lula, anfitrião do evento, que desta vez preferiu ler suas falas previamente preparadas, sem improvisos. O presidente brasileiro também falou em soberania e cobrou financiamento de países para a preservação da Amazônia e das comunidades que lá vivem.
“É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem no mesmo espaço físico em torno de um objetivo comum. Não precisamos de intervenções estrangeiras nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de sermos protagonistas das nossas próprias soluções”, disse o brasileiro.
Petro também afirmou que a integração dos Exércitos e das polícias na região é fundamental no combate ao narcotráfico e que a América Latina deveria discutir, sem vergonha ou constrangimento, a questão da legalização de algumas drogas.
“América Latina não é território para ser bombardeado por ninguém. É o centro vital da vida do planeta”, disse o colombiano, em defesa da preservação da Amazônia. Ele também falou que a América do Sul poderia limpar toda a matriz energética dos EUA, mas que Trump “pensa em outras coisas”.