RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Na tarde desta terça, amigos foram dar o último adeus à Angela Ro Ro. O velório acontece no Cemitério da Penitência, na zona norte do Rio de Janeiro. A cantora morreu na manhã desta segunda, aos 75 anos.

Alguns artistas fizeram homenagens à cantora -Alcione, a família Frejat, a banda Barão Vermelho enviaram coroas de flores, assim como o Ministério da Cultura.

Em clima de tristeza e consternação, o velório começou às 13h, em cerimônia aberta aos fãs. Entre as pessoas que estavam na organização do enterro da cantora, ninguém se identificou como familiar da artista. Após o velório, o corpo será levado ao crematório do cemitério.

Lana Braga foi companheira de Ângela Ro Ro por 45 anos. Ela esteve ao lado da artista nos últimos momentos. “Ela lutou esse tempo todo, queria sair, tinha vontade de sair, tivemos muita esperança. Achei que ela ia sair disso, mas não deu.” Braga afirma que a artista mantinha um plano de saúde, mas precisaria de ajuda para fisioterapia e outros procedimentos, caso tivesse sobrevivido.

Braga destaca o que fica de Ro Ro para ela. “Nós tivemos um bem material enorme, que é a parte de música. Fui baterista também, minha mãe foi cantora. Vivemos em várias fases juntas, muito tempo. A primeira vez, ela morou dez anos comigo na minha casa e estamos assim -nunca nos separamos, na realidade, estávamos sempre juntas. Eu espero que a gente consiga uma das coisas, que é a preservação na memória, que a gente vê que que se perde.”

O casal Felipe Pamplona, 44, e Gil Soter, 37, veio de Belém a turismo ao Rio de Janeiro. Fãs de longa data da cantora, receberam com tristeza a notícia da morte do “icone da transgressão”, como descrevem. “Vi três shows dela. Eu trabalhava numa rádio, ela visitou a rádio. Conheço toda a discografia dela”, diz Pamplona.

Fernando Freitas, vizinho de Angela, conta como foram os últimos dias da cantora, que foi internada no Hospital Silvestre, na zona sul do Rio de Janeiro. “Ela tem uma trajetória musical e artística muito especial e as finanças e a parte de saúde foram ficando comprometidas. Chegou o momento em que ela teve que ser internada para puxar uma possibilidade de recuperação, mas as partes respiratória e circulatória estavam debilitadas”, disse.

“As lembranças que vão ficar dela, para mim, são o ser humano cujo espírito da arte mostrou para toda essa nossa existência a importância que se dá quando a arte está à frente. A poesia que ela traz mostra muito essa liberdade para todos nós”, acrescenta ele. “Tem muitas músicas, praticamente quase todas vão ficar na história.”

A cantora foi uma das principais estrelas da MPB nos anos 1970 e 1980, dona de sucessos que dominaram o repertório popular, como “Amor, Meu Grande Amor”. A artista não deixou herdeiros, segundo seu advogado, Carlos Eduardo Lyrio, e até o momento não há informação sobre o que vai acontecer com seus direitos autorais.