PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Pelo menos nove cabeças de porcos foram encontradas na manhã desta terça-feira (9) em frente a mesquitas de Paris e arredores. Em cinco delas, o nome “Macron” estava escrito com tinta azul.
O aparente ato islamofóbico ocorreu em um momento de tensão social na França, na véspera de uma paralisação nacional convocada pelas redes sociais e um dia depois da queda do governo do primeiro-ministro François Bayrou.
O presidente Emmanuel Macron enviou uma mensagem de solidariedade ao principal líder muçulmano da França, Chems-Eddine Hafiz, reitor da Grande Mesquita de Paris.
Atos de intolerância religiosa, tanto de islamofobia quanto de antissemitismo, estão em alta na França desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
O ministro demissionário do Interior, Bruno Retailleau, condenou os atos e anunciou uma investigação. Apesar da demissão do premiê Bayrou, os ministros continuam no exercício de seus cargos até a nomeação de um sucessor.
A gestão de Retailleau à frente do ministério caracterizou-se por um forte discurso anti-imigração, cujo alvo foi sobretudo a comunidade de origem árabe na França. Por isso, Jean-Luc Mélenchon, líder do partido A França Insubmissa, de ultraesquerda, responsabilizou Retailleau indiretamente pelos ataques desta terça, ao estimular, segundo ele, a islamofobia.
Uma das hipóteses seria sabotagem estrangeira. Em 2024, mãos vermelhas foram pichadas nas paredes do Memorial da Shoah, em Paris, dedicado às vítimas do Holocausto. A investigação concluiu tratar-se de uma provável operação de desestabilização organizada por russos.
Uma imagem de câmera de segurança na madrugada de terça, em frente a uma das mesquitas, mostrou um homem aparentemente jovem, vestido de preto com a cabeça coberta por um gorro, carregando uma mochila onde estaria uma das cabeças de porco.