MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo anuncia um “acordo definitivo” neste mês de setembro para pavimentação da BR-319. A rodovia, que liga Porto Velho e Manaus, é uma das promessas de campanha mais controversas de Lula. A declaração foi dada à Rede Amazônia, afiliada da TV Globo no Amazonas, nesta terça-feira (9).

Construída na ditadura militar, é considerada por cientistas e socioambientalistas uma das maiores ameaças de devastação da amazônia por dar acesso ao interflúvio Purus-Madeira, que está entre as áreas de floresta mais conservadas da região. Em julho, os ministérios do Transporte e do Meio Ambiente firmaram acordos para viabilização de estudos e elaboração do plano socioambiental da obra.

“Estamos discutindo com muita seriedade. Este mês ainda vai ter um acordo definitivo. A gente vai fazer a BR-319. Não pode fazer a BR e dois meses depois ter desmatamento, queimada, criando gado e plantando soja onde não pode. Vamos fazer a BR-319 e vamos fazer de comum acordo com os ambientalistas, com os que precisam da estrada e, sobretudo, para atender duas capitais que não podem ficar isoladas, como ficam Porto Velho e Manaus”, declarou Lula à Rede Amazônica.

Na entrevista, o presidente também saiu em defesa da ministra Marina Silva (Rede), que tem sofrido ataques constantes no Congresso Nacional e de políticos da região em razão da pauta ambiental.

“Às vezes, há uma pressa muito grande dos estados, às vezes jogam culpa na Marina. Marina ficou 15 anos fora do governo. Portanto, se não foi feito, não culpem a Marina”, disse. “O que a Marina faz é como fazer as coisas. Se fizer bem feita, é melhor para todo mundo.”

O presidente Lula reinaugura neste terça-feira o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus, anunciado como estratégico entre os estados brasileiros e os países da amazônia para monitorar e combater crimes como narcotráfico, tráfico de armas e os ambientais.

O centro foi inaugurado em junho deste ano com a presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A reinauguração de Lula ocorre após o aumento da tensão entre Venezuela e os Estados Unidos, que têm deslocado navios de guerra para águas próximas ao território venezuelano com a justificativa de combater o narcotráfico.

A expectativa é que o presidente colombiano Gustavo Petro e representante de outros países amazônicos estejam no evento em Manaus.

“Estamos montando um centro de investigação na amazônia, para que a gente possa, numa combinação com outros países e estados, ser mais agressivo no combate ao narcotráfico, mais agressivo no combate ao tráfico de armas e mais agressivo para proteger a nossa floresta. Esse país tem lei e as pessoas vão ter que aprender a respeitar. Se o Estado estiver ausente, ninguém respeita. Então, o Estado vai estar presente”, afirmou Lula.