PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Derrotado em uma moção de confiança no Parlamento na véspera, François Bayrou entregou o cargo de primeiro-ministro da França a Emmanuel Macron no início da tarde (manhã no Brasil) desta terça (9), no Palácio do Eliseu. Cumprida essa formalidade, cabe agora ao presidente escolher o encarregado de formar um novo gabinete. Macron prometeu anunciar rapidamente o novo nome.
Um dos cotados, o político de direita Xavier Bertrand, descartou aspirar ao cargo, mas afirmou que Sébastien Lecornu teria sido encarregado de montar um ministério. Lecornu, ministro dos Exércitos (equivalente ao ministro da Defesa) do governo Bayrou, desmentiu categoricamente a informação.
É sem chefe de governo, em princípio, que a França se prepara para o movimento Bloquons Tout (“Vamos bloquear tudo”), uma paralisação nacional nesta quarta (10), que deve atingir parcialmente serviços como transportes, escolas e alguns serviços públicos. O receio de tumultos levou à mobilização excepcional de 80 mil policiais em todo o país.
O Bloquons Tout surgiu de forma descentralizada nas redes sociais e foi encampado pela ultraesquerda. Curiosamente, nasceu como reação à política de austeridade orçamentária proposta por Bayrou, e agora vai acontecer com o primeiro-ministro já afastado.
Bayrou pediu à Assembleia Nacional que aprovasse uma moção de confiança a seu governo. Foi derrotado por 364 votos a 194. Ultraesquerda e ultradireita somaram seus votos para derrubar o premiê, cujo governo minoritário contou apenas com o apoio dos deputados de centro e da direita moderada.
O gabinete de Bayrou durou apenas nove meses. Seu antecessor, Michel Barnier, um político de direita, governou por apenas três meses. Nos últimos dois anos, a França teve quatro primeiros-ministros.
A presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, do partido de Macron (Renascimento), declarou que aceitaria o cargo de premiê. Um dos líderes do Partido Socialista, Olivier Faure, propôs formar uma coalizão da esquerda moderada à direita. Ultraesquerda e ultradireita já descartaram apoiar um gabinete comandado pelos socialistas.
Parte da oposição, tanto à esquerda quanto à direita de Macron, pede a renúncia de Macron, cujo mandato vai até 2027. Ele não pode concorrer à reeleição. Outra possibilidade seria a dissolução da Assembleia Nacional. Porém, as eleições legislativas convocadas por Macron no ano passado terminaram em impasse, com a divisão dos assentos em três blocos esquerda, centro-direita e ultradireita incapazes de montar uma maioria absoluta para governar.