SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A mãe de Alícia Valentina, criança de 11 anos que morreu após ser espancada dentro de uma escola municipal em Belém do São Francisco (PE), afirma que a filha levou mais do que um soco antes de morrer.
Nenhum dos responsáveis da escola soube dizer exatamente o que aconteceu com a menina dentro do banheiro, onde ela foi agredida. “Ali não foi só um soco. Ali foi de pé, ou bateu com a cabeça dela na pia, ou na privada”, afirmou a mãe, que não se identificou, em entrevista à TV Globo.
Segundo a mãe, a escola informou que dois meninos e uma menina estavam com a criança no momento da agressão. Ao UOL, a Polícia Civil informou que não divulgaria detalhes do caso por envolver crianças e adolescentes.
“O médico disse a mim que era uma lesão no cérebro dela, tinha sido uma pancada muito forte, não tinha sido um tapa de jeito nenhum”, afirmou a mãe à Globo. A opinião foi dada por um profissional do terceiro hospital para onde Alícia foi enviada após receber alta duas vezes.
Alícia não disse à mãe o que aconteceu e, segundo a mulher, foi encaminhada para casa após os primeiros atendimentos médicos. “Levaram ela para a emergência para limpar, depois ela voltou, aferiram a pressão e disseram que estava normal”, disse. Ao passar mal pela terceira vez, a menina foi levada a um hospital local, encaminhada com urgência para a cidade de Salgueiro e, em seguida, ao Recife, onde morreu.
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RELEMBRE O CASO
Alicia Valentina foi espancada na quinta-feira em uma escola de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. Ela foi levada para um hospital municipal, mas recebeu alta duas vezes. Ao começar a vomitar sangue, ela foi internada com urgência em um hospital de Salgueiro e, em seguida, levada ao Recife.
Ela teve morte cerebral constatada no domingo no Hospital da Restauração, no Recife, dias após dar entrada no local. O corpo da menina foi enterrado nesta segunda-feira (08) na cidade de Belém do São Francisco.
Escola afirma que “prestou todo o socorro necessário” e Conselho Tutelar da cidade disse que acompanha caso. A rede municipal de saúde disse que conduziu a aluna ao hospital e “garantiu a devida assistência”, mas não comentou o ato de agressão sofrido pela menina.
Prefeitura de Belém do São Francisco afirma prestar toda assistência à família de Alícia. “Ressaltamos que o episódio está em processo de apuração para que sejam adotadas todas as medidas cabíveis, de forma responsável e transparente”, disse a cidade.
COMO DENUNCIAR VIOLÊNCIA
Caso a vítima tenha sofrido violência sem ferimentos graves ela pode recorrer imediatamente a Delegacia da Mulher, se existir essa unidade em seu município, ou a delegacia de Polícia Civil, para registrar o boletim de ocorrência.
Quando houver ferimentos graves, com necessidade de pronto atendimento, a unidade de saúde ou hospital deverá fazer o encaminhamento ou orientar a paciente para que procure a delegacia de polícia. Na maioria dos casos com internamento, o próprio hospital confirma a violência e avisa a Polícia Civil.
Disque 190
Deve ser acionado em caso de flagrante ou em que a situação de violência esteja ocorrendo naquele momento.
Disque 181
Pode ser usado para denunciar anonimamente a violência. As informações serão conferidas pela polícia.
Disque 180
A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas. A ligação é gratuita, anônima e disponível em todo o país.
Ministério Público
Acesse o site do Ministério Público do seu estado e saiba qual a melhor forma de fazer a denúncia. Alguns estados possuem, inclusive, núcleos de gênero especializados em atender mulheres vítimas de violência.