PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga as circunstâncias do assassinato e esquartejamento da manicure Brasília Costa, que teve restos mortais localizados em diferentes pontos de Porto Alegre. A identidade da vítima foi confirmada nesta segunda-feira (8), após testes de DNA realizados pelo Instituto-Geral de Perícias do estado.

O tronco de Brasília foi encontrado dentro de uma mala no departamento de guarda-volumes da estação rodoviária de Porto Alegre no dia 1º de setembro.

Uma perícia identificou que o material tinha o mesmo DNA de outros restos humanos encontrados na zona leste da capital gaúcha na metade de agosto.

Agora, a polícia suspeita que haja uma ligação entre esses casos e as duas pernas que foram encontradas em pontos diferentes da orla do Guaíba, na zona sul de Porto Alegre, no sábado (6) e no domingo (8). A cabeça da vítima ainda não foi localizada.

De acordo com o delegado Mário Souza, a equipe de investigação, em uma avaliação preliminar, acredita que há uma chance considerável de que os membros achados neste fim de semana sejam de Brasília.

O publicitário Ricardo Jardim, 66, que mantinha um relacionamento com Brasília, é suspeito de ter cometido o crime e está preso preventivamente (sem prazo). Até o momento, ele ainda não constituiu defesa.

Jardim foi condenado em 2018 a 28 anos de prisão pela morte da mãe, Vilma Jardim, que sofreu 13 facadas e teve o corpo concretado dentro de um armário. Ele recebeu benefício para cumprir pena no regime semiaberto em 2024 e era considerado foragido da Justiça desde abril de 2025, após não se apresentar para a colocação de tornozeleira eletrônica.

Segundo a polícia, Jardim tinha interesse financeiro na morte da companheira e tentou fazer movimentações com os cartões bancários da vítima. Ele chegou a se passar por ela em mensagens a familiares, utilizando o celular dela para despistar. O crime é apurado como feminicídio.

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VEJA ABAIXO A LINHA DO TEMPO DO CASO:

– 9 de agosto: Data provável do assassinato e esquartejamento de Brasília Costa, de acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

– 13 de agosto: Braços humanos são localizados dentro de um saco de lixo no bairro Santo Antônio, na zona leste de Porto Alegre.

– 20 de agosto: A mala com os restos mortais de Brasília Costa foi deixada no guarda-volumes da estação rodoviária de Porto Alegre por um homem grisalho e de óculos, usando luvas, boné e máscara. O suspeito teria informado um contato falso para a retirada.

– 1º de setembro: Após relatos de mau cheiro vindo da bagagem, a equipe do guarda-volumes da rodoviária acionou a Brigada Militar. A mala foi removida para um local de descarte de lixo nas dependências da rodoviária para abertura, onde foi encontrado o tronco enrolado em plástico.

– 2 de setembro: Caso é divulgado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A possibilidade de feminicídio foi levantada, ainda sem a confirmação da identidade da vítima.

– 3 de setembro: Análise do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul confirmou que o tronco encontrado na mala na rodoviária tem o mesmo DNA dos membros encontrados no dia 13 de agosto.

– 4 de setembro: O suspeito do crime, o publicitário Ricardo Jardim, foi preso em uma pousada na zona norte de Porto Alegre após a polícia identificá-lo com o uso de registros de câmeras de segurança e confirmar a presença de seu DNA no corpo da vítima.

– 6 de setembro: Uma perna humana é localizada na praia de Ipanema, na zona sul da cidade.

– 7 de setembro: Outra perna humana, cortada na altura do joelho e com fragmentos de uma calça jeans, é encontrada na orla do lago Guaíba no bairro Cristal, próximo ao centro de treinamentos do Grêmio e a cerca de 8 km de Ipanema.

– 8 de setembro: O Instituto-Geral de Perícias confirmou a identidade da vítima como Brasília Costa, uma mulher natural de Arroio Grande, na região sul do estado, que trabalhava como manicure na zona norte de Porto Alegre.