SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O gasto público por aluno da educação básica no Brasil é menos de um terço do investimento feito na média por países ricos, que são membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Enquanto esses países investem, em média, US$ 12.438 por aluno, o Brasil gasta US$ 3.872 o que representa 31% do gasto dessas nações. Os dados são do relatório Education at a Glance 2025, divulgado nesta terça-feira (9).
O relatório inclui nesse cálculo todos os investimentos públicos na educação pública, divididos pelo número de matrículas do ensino fundamental ao médio. Os valores são calculados em dólar com paridade de poder de compra, que reflete o custo de vida de cada país.
Segundo esse critério, o Brasil tem o quarto menor investimento por aluno dentre os países avaliados. Apenas Turquia (US$ 3.374), África do Sul (US$ 3.108) e México (US$ 2.790) têm gastos menores.
Já países latino-americanos como Argentina, Colômbia, Chile e Costa Rica investem valores maiores no cálculo por aluno. Na ponta superior, estão Luxemburgo (US$ 23.678), Coreia (US$ 21.476) e Suíça (US$ 21.09).
Os gastos totais do Brasil em educação básica, com relação ao PIB (Produto interno Bruto), guardam similaridade com o praticado nos países ricos. Mas a comparação de gastos por aluno revela um cenário de maior vantagem nesses países por terem um número significativamente menor de matrículas.
O documento também destaca a situação peculiar do Brasil em gastos com o ensino superior (o que inclui também recursos para pesquisa e desenvolvimento), já que o investimento para essa etapa é similar ao destinado para a educação básica. Entre os países ricos, o gasto público com o ensino superior costuma ser maior.
No Brasil, o gasto público por aluno do ensino superior foi de US$ 3.765 redução de 2,8% em comparação com alunos da educação básica. Já os países membros da OCDE gastam média US$ 15.102 21,4% mais do que para a etapa básica.
Ainda de acordo com o relatório, em média, os países da OCDE investem 4,7% do seu PIB (Produto Interno Bruto) em educação (considerando todos os níveis da área), proporção similar a do Brasil, que é de cerca de 4,9%.
“Os governos investem em educação por diversos motivos, como promover a igualdade de oportunidades e fomentar o crescimento econômico e a prosperidade. À medida que os governos enfrentam pressões competitivas sobre orçamentos apertados, fontes privadas frequentemente complementam as fontes públicas, especialmente no ensino superior”, diz o documento.
O Education at a Glance é um documento anual que analisa uma série de indicadores educacionais. Nesta edição, o foco da análise foi a situação do ensino superior e emprego nos 38 países membros da OCDE, a maioria de renda elevada. Também foram analisados os dados de Brasil, Argentina, Bulgária, China, Croácia, Índia, Indonésia, Peru, Romênia, Arábia Saudita e África do Sul.
SALÁRIO DOS PROFESSORES
O relatório também mostra que o salário inicial dos professores dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) no Brasil é quase a metade da média dos países membros da OCDE. O valor praticado no país é também o terceiro menor de todos os analisados.
Segundo o documento, no Brasil, os professores dessa etapa recebem, em média, US$ 24.526 por ano (equivalente a cerca de R$ 132 mil). Esse valor é 52% da média dos 38 países da OCDE, que é de US$ 47.339 ao ano (cerca de R$ 237 mil).
O cálculo para a comparação entre os salários é feita usando uma escala de paridade do poder de compra. Também são consideradas eventuais bonificações e o décimo terceiro salário.
Entre os países avaliados, apenas Grécia e Eslováquia têm remuneração média menor do que a do Brasil. Neles, o salário inicial dos docentes é de US$ 23.363 e US$ 23.371, respectivamente.
Além disso, a média salarial dos professores brasileiros é menos de um quarto dos valores pagos por Luxemburgo, país com maior remuneração inicial para os docentes, de US$ 99.621 no topo da carreira, os educadores podem chegar a receber US$ 173.165 ao ano.
O relatório destaca que a remuneração dos professores geralmente representa a maior parcela dos gastos com educação e, portanto, dos gastos por aluno.
“Os governos têm se interessado cada vez mais pela relação entre a quantidade de recursos destinados à educação e os resultados de aprendizagem dos alunos. Eles buscam oferecer mais e melhor educação às suas populações, garantindo, ao mesmo tempo, que o financiamento público seja utilizado de forma eficiente”, diz o documento.
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Brasil investe menos de um terço do valor dos países ricos em educação
(Gasto por aluno, em US$)
Luxemburgo 27.678
Coreia 21.476
Suíça 21.091
Noruega 19.797
Áustria 17.767
Islândia 17.753
Bélgica 16.467
Suécia 15.454
Holanda 15.254
Dinamarca 15.027
Estados Unidos 14.603
Alemanha 14.503
Canadá 14.381
Finlândia 13.465
Austrália 13.102
Reino Unido 13.063
Itália 12.666
Irlanda 12.562
OCDE 12.438
França 12.231
Eslovênia 11.644
Israel 11.166
Portugal 11.124
Japão 10.993
Espanha 10.924
República Tcheca 10.724
Estônia 10.303
Nova Zelândia 9.742
Lituânia 9.375
Eslováquia 9.056
Polônia 8.927
Letônia 7.806
Croácia 7.781
Peru 7.781
Bulgária 7.397
Hungria 6.905
Grécia 6.420
Romênia 6.069
Chile 5.289
Costa Rica 5.286
Argentina 4.448
China 4.042
Brasil 3.872
Turquia 3.374
África do Sul 3.108
México 2.790
Fonte: OCDE
Informação indisponível: Arábia Saudita, Colômbia, Índia e Indonésia