SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O regime da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (8) que vai ampliar de 15 mil para 25 mil a presença de militares da Força Armada Nacional Bolivariana em regiões consideradas estratégicas do país, sobretudo nas áreas de fronteira com a Colômbia e no litoral do Caribe. A medida ocorre em um contexto de tensão com os Estados Unidos, que têm deslocado navios de guerra para águas próximas ao território venezuelano com a justificativa de combater o narcotráfico.
Em mensagem publicada nas redes sociais na noite de domingo (7), o ditador Nicolás Maduro afirmou que a mobilização tem como objetivo “a defesa da soberania nacional, a segurança do país e a luta pela paz”.
Segundo ele, a operação reforça a presença das Unidades de Reação Rápida na chamada “zona binacional de paz”, que abrange os estados de Táchira e Zulia, próximos da fronteira com a Colômbia. Também serão reforçadas a vigilância marítima e a proteção da costa caribenha, principalmente em regiões como La Guajira e o estado de Falcón, onde estão concentradas refinarias importantes de petróleo.
O plano de defesa se estende ainda ao litoral no leste do país, com presença militar em Nueva Esparta, Sucre e Delta Amacuro -este último, vizinho da Guiana. Segundo o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, a mobilização contará com drones, equipamentos navais e fluviais, além de reforço de soldados em áreas sensíveis, como a Serra de Perijá, onde, de acordo com autoridades colombianas, atuam narcotraficantes e grupos guerrilheiros.
Segundo especialistas militares, a Venezuela dispõe atualmente de 123 mil efetivos nas Forças Armadas, além de 220 mil milicianos convocados por Maduro que devem ser mobilizados nos próximos dias. Padrino anunciou nesta segunda ainda um “reforço especial” de 10 mil militares, que se somam aos 15 mil já enviados a diferentes pontos do país.
A mobilização militar acontece no contexto de ameaças feitas pelos EUA contra alvos na região. Na semana passada, uma frota americana teria afundado um barco com 11 supostos narcotraficantes que, segundo Washington, havia partido da Venezuela -o regime venezuelano nega a informação.
Autoridades do governo de Donald Trump disseram ainda que não estão descartados ataques contra instalações ligadas ao tráfico de drogas em território venezuelano. O próprio presidente americano chegou a dizer que derrubará aviões venezuelanos que representem risco às operações navais dos EUA.
Em tom de advertência, Padrino López afirmou que cabe apenas à Venezuela patrulhar e proteger seu espaço terrestre, aéreo e marítimo. “Ninguém virá fazer o que corresponde a nós mesmos”, afirmou.
Os EUA enviaram pelo menos sete navios de guerra às águas próximas da Venezuela, junto com um submarino de ataque rápido movido a energia nuclear. A esquadra é tripulada por 4.500 marinheiros e fuzileiros navais. Washington também opera aviões espiões nas águas próximas à Venezuela.
O movimento é justificado pelo governo Trump como uma ofensiva contra o tráfico de drogas na região. Analistas, porém, veem a questão como um gesto para ampliar a pressão sobre Maduro.
O ditador venezuelano é considerado por Washington como líder do Cartel de los Soles, suposto grupo narcotraficante envolvendo o autocrata e altas autoridades civis e militares de Caracas, que rejeita a acusação. Especialistas negam que o grupo exista.