SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Deputados democratas do Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta segunda-feira (8) uma cópia do que seria uma carta do presidente Donald Trump ao financista Jeffrey Epstein, que se suicidou em 2019, após ser preso sob acusações de abuso e exploração sexual de menores.

O jornal americano Wall Street Journal já havia revelado a existência da carta em julho deste ano, ao detalhar que o bilhete faz parte de um álbum comemorativo organizado por Ghislaine Maxwell, então braço-direito de Epstein.

O texto simula um diálogo entre Trump e Epstein:

– Narração: Deve haver mais para a vida do que ter tudo.

– Donald: Sim, há, mas não vou te dizer o que é.

– Jeffrey: Nem eu, já que também sei o que é.

– Donald: Temos certas coisas em comum, Jeffrey.

– Jeffrey: Sim, temos, pensando bem.

– Donald: Enigmas nunca envelhecem, você já percebeu?

– Jeffrey: Aliás, ficou claro para mim da última vez que te vi.

– Trump: Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário -e que cada dia seja um segredo maravilhoso.

Após a publicação do Wall Street Journal, o presidente negou ser o autor do conteúdo. “Não sou eu. É uma coisa falsa. É uma história falsa do jornal”, disse ele. “Nunca escrevi um desenho na minha vida. Não desenho mulheres”, acrescentou. “Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras.” Trump processou o jornal, como afirmou que o faria.

Nesta segunda, a Casa Branca reafirmou que Trump não assinou nem fez nenhum desenho para Epstein. O Comitê de Supervisão da Câmara americana recebeu os documentos que havia solicitado como parte dos esforços de investigação sobre o suposto tráfico sexual de Epstein. Os deputados visam elucidar dúvidas sobre a extensão dos crimes e da morte do financista.

O Departamento de Justiça, sob comando de Pam Bondi, já afirmou anteriormente que não encontrou evidências de acusações adicionais além daquelas já feitas contra Epstein e Maxwell, e que Epstein cometeu suicídio.

As declarações, no entanto, inflamaram a base apoiadora de Trump, uma vez que, desde o período de campanha, os republicanos afirmaram, sem provas, que os crimes de Epstein iam além do que o governo dizia e que teorias da conspiração sobre sua morte por suicídio justificavam uma investigação mais aprofundada.

Tais teorias foram, à época, apoiadas por figuras do atual governo Trump, como Bondi e o diretor do FBI, Kash Patel, que prometeram publicamente divulgar a “lista de Epstein” e mais informações caso chegassem ao poder. Essa promessa gerou uma expectativa de que Trump iria expor crimes sórdidos cometidos por elites.

No entanto, o governo Trump mudou abruptamente de rumo em julho e afirmou que tal lista não existia e que Epstein se suicidou, o que levou muitos apoiadores a interpretar a nova posição como um acobertamento.