SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Convidada da organização para a disputa do SP Open, Nauhany Silva obteve um resultado expressivo na tarde de segunda-feira (8). Em sua primeira participação em um torneio da elite do circuito feminino, a brasileira de 15 anos triunfou sobre a compatriota Carol Meligeni Alves, de 29, para aplausos de um impressionado público no parque Villa-Lobos, em São Paulo.

Conhecida como Naná, a adolescente mostrou personalidade para superar uma rival bem mais experiente, 237ª do ranking mundial. A jovem, 37ª no ranking de duplas e 1206ª na lista principal, conquistou uma vitória de virada, por 2 sets a 1, parciais de 6/7 (0/7), 6/2 e 6/0, em uma hora e 49 minutos.

“Eu não estava imaginando passar da primeira rodada, não”, reconheceu. “Mas eu consegui ser mais agressiva a partir do segundo set. A grande chave foi que eu consegui me manter no jogo. Eu poderia ter perdido o foco depois do primeiro set, mas as coisas começaram a fluir”, acrescentou, com notável tranquilidade.

Destaque dos torneios de base, a paulistana mostrou a potência de seus golpes, com saques na casa dos 170 km/h, e sensibilidade nas deixadinhas. Quando obtinha sucesso em pontos importantes, soltava seu característico “dá-lhe”, que destoa do mais habitual “vamos”, como o utilizado pela adversária desta segunda.

Carol contava com a torcida do tio, o ex-tenista Fernando Meligeni, presente na quadra Maria Esther Bueno. Contava também com ruidosos garotos de um projeto social ligado à família Meligeni, que gritavam “Carol, Carol” a cada dois ou três pontos. Outra parcela do público reagia com “Naná, Naná”. Sorriram por último os apoiadores da garota.

“Eu gosto de torcida. Então, eu me senti bem motivada. Estava meio dividido, né, mas eu vi que tinha bastante para mim. Eu estava bem feliz, acho que não estava com pressão, não. Acho que no início entrei um pouco mais nervosa, o que é normal na primeira rodada, mas consegui ir me soltando”, disse a vencedora.

A expressiva vitória de Nauhany ocorreu em um lugar que já era significativo em sua trajetória. Quando (ainda mais) jovem, sem que sua família tivesse a capacidade financeira de boa parte dos praticantes do tênis, ela procurava quadras públicas para jogar. Um local frequentemente visitado era o parque Villa-Lobos.

Quando as quadras do parque estavam ocupadas, era comum a improvisação de linhas no asfalto para os treinos. Segundo ela, crescida no bairro humilde do Real Parque, o quique irregular a ajudou a desenvolver seu tênis, agora visto pela primeira vez em um campeonato da série WTA, a principal do tênis feminino.

“Desde pequenininha, desde que eu tinha seis anos, eu jogo nestas quadras. A gente vinha mais de sábado e domingo”, sorriu, recordando as jornadas ao lado de seu pai, Paulo Silva, conhecido como Paulinho. “Aí, aproveitava, tomava água de coco e andava de bicicleta. Era divertido para mim, são boas memórias. Agora, tem o primeiro WTA aqui também, muito especial.”

O SP Open é um WTA 250, o quarto em ordem de importância entre os organizados pela WTA, a associação das tenistas profissionais -distribui 250 pontos à campeã, abaixo dos WTA 500, WTA 1000 e dos quatro Grand Slams. O triunfo, portanto, além de ficar marcado na trajetória da garota, vai lhe render pontos importantes, agora no circuito das adultas.

Sua próxima partida na chave de simples deverá ocorrer na quarta-feira (10). Sua adversária será a argentina Solana Sierra, 82ª do ranking e cabeça de chave número dois em São Paulo. Antes, Naná jogará ao lado de outra adolescente brasileira, Victoria Barros, também de 15 anos, nas duplas, nesta terça (9).