WASHINGTON, EUA, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou nesta segunda-feira (8) que a decisão do BC (Banco Central) de travar a compra do Master pelo estatal BRB (Banco de Brasília) representa risco a todo o sistema financeiro.

Ibaneis diz que aguarda o processo sobre o tema ser tornado público para decidir se a instituição vai apresentar um recurso judicial ou mesmo uma nova proposta de compra do banco de Daniel Vorcaro. O governo do DF é acionista majoritário do BRB.

“Eu não posso falar de desistir [da compra] nesse momento porque eu não conheço a fundamentação”, disse o governador durante participação em evento organizado pelo Lide em Washington. “Eu só posso tratar o problema, se vai ser administrativamente, se vai ser judicialmente, que maneira vai ser, a partir do momento que eu conhecer os fundamentos.”

“A dilapidação do Master que está se mostrando aí pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo. Então, eu acho que, quanto antes o Banco Central soltar isso [o processo sobre a compra], melhor, até para dar oportunidade para o BRB avaliar se vai avançar no negócio, se vai desistir. E, desistindo, se outra instituição, privada ou pública, tem interesse em comprar esse capital”, afirmou Ibaneis.

O governador argumentou que a decisão do Banco Central gera incerteza aos investidores do Master. Segundo ele, o problema para o banco do DF é a perda da “possibilidade de crescimento”.

Após o veto do BC, a estratégia do BRB e do Master tem sido a de mostrar que uma eventual intervenção ou mesmo liquidação do banco de Vorcaro pode ser mais prejudicial para o mercado e o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que cobre os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.

Segundo o governador, alguns bancos têm interesse em adquirir as carteiras do Master e já há vários negócios sendo feitos, como a venda da seguradora do Master, a Kovr, e outros empreendimentos do banco, inclusive ativos de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais).

“O risco, por exemplo, dos investimentos em precatórios, que nós separamos desde o início, é alto, mas também pode dar uma grande rentabilidade, conforme a análise que tem sido feita”, justificou.

Ibaneis defendeu a aquisição do banco privado por um estatal. “Não faz sentido o governo do Distrito Federal ter um banco nacional?”, questionou. “O BRB, se tornando um banco nacional, superintensivo, a gente com isso aumenta a quantidade de negócios do banco, aumentando a lucratividade.”

O BC indeferiu na última quarta-feira (3) o perímetro da compra do Master pelo BRB, como revelou a Folha de S.Paulo.

Na semana passada, após a publicação da reportagem, o BRB, que ainda pode apresentar recurso contra a decisão, divulgou um comunicado ao mercado informando acionistas sobre o indeferimento.

O banco solicitou acesso aos argumentos que embasaram a decisão e, segundo membros da companhia, segue acreditando nos fundamentos da operação. A estratégia é tentar mitigar os eventuais riscos identificados pelo BC.

O Master disse que ainda aguarda acesso à íntegra do documento do BC para avaliar os fundamentos e examinar alternativas à decisão. Também afirmou que segue confiante na sua estratégia e na operação.