SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O crack que chega para consumo de usuários de drogas na região da cracolândia, no centro de São Paulo, é transportado por pessoas que se passam por carroceiros, de acordo com a Polícia Militar.
A informação consta na investigação que levou policiais militares, civis e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) a realizarem uma ação na favela do Moinho nesta segunda-feira (8), que resultou na prisão de nove pessoas, além da apreensão de drogas, armas e munições.
Segundo as autoridades, lideranças do PCC comandam, de dentro de presídios, o tráfico de drogas da comunidade, que abastece a demanda da cracolândia.
A investigação aponta que os supostos carroceiros usam carrinhos de supermercado para distribuir a droga. Eles deixam a favela com o crack escondido em sacolas, e depois circulam pelo centro fingindo recolher material para ferro-velho, Durante o trajeto, vendem a substância nas concentrações de dependentes químicos espalhadas pela região, de acordo com a polícia.
Os carrinhos, chamados pela investigação de carroças, deixam a entrada da favela pelo acesso principal. A investigação identificou um homem suspeito de coordenar as ações, ou seja, liberar a saída dos carroceiros do Moinho.
Segundo a polícia, ele diz ser o dono das carroças.
Atualmente, as principais concentrações de usuários de crack no centro estão embaixo do elevado Presidente João Goulart (o Minhocão), entre a rua Conselheiro Brotero e a avenida Pacaembu; em um túnel sob a praça Roosevelt; e na entrada do Moinho.
A reportagem já testemunhou por diversas vezes pessoas com carrinhos de supermercado nos locais de aglomeração de usuários.
Entre os detidos pela operação desta segunda está Alessandra Moja, irmã de Leonardo Moja, conhecido como Léo do Moinho, apontado como líder do tráfico de drogas na favela.
Alessandra, segundo a investigação, teria papel fundamental na mobilização e organização de manifestações contra ações policiais e cobraria propina de famílias beneficiadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) com a indenização pelas moradias.
Na casa dela , de acordo com o Ministério Público, foi encontrada uma quantidade de droga nesta segunda. Em virtude da apreensão, além do mandando de prisão que ela tinha, a mulher foi presa em flagrante por tráfico.
Conforme o Comando de Policiamento de Choque, foram encontrados no imóvel crack, maconha e cocaína, além de seis celulares. Durante a operação foram apreendidos 18 celulares, duas armas, 40 munições, além de R$ 8.198,00. A reportagem não conseguiu localizar sua defesa.
Durante a tarde desta segunda, na porta do Palácio da Polícia Civil, advogados de presos e representantes da OAB e do mandato do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) se queixaram da ausência de informações, como acesso ao conteúdo dos pedidos de prisões. O inquérito está sob segredo de Justiça.