SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Primeira sul-americana a disputar a Copa do Mundo feminina de Rugby, a seleção brasileira encerrou sua participação na competição disputada na Inglaterra neste domingo (7) com um saldo negativo de três goleadas acachapantes sofridas diante de equipes bem mais experientes, com 14 pontos marcados e 214 sofridos.

Apesar dos placares elásticos, as Yaras, como são conhecidas as jogadoras do Brasil, também conquistaram marcos importantes na disputa realizada no berço da modalidade, marcando seus primeiros pontos em uma competição desse nível e chegando a liderar o placar por alguns minutos na partida de despedida.

Classificada à décima edição do torneio após vencer a Colômbia no classificatório regional de 2024, a seleção brasileira fez sua estreia na competição contra a África do Sul.

No duelo contra a 12ª do ranking mundial, a seleção brasileira, 25ª, perdeu por 66 a 6, mas marcou seus primeiros pontos na história da Copa do Mundo.

Os pontos foram anotados por Raquel Kochhann, em cobranças de pênalti.

Raquel já disputou três edições de Jogos Olímpicos e foi porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura de Paris 2024, após superar um câncer de mama.

Há duas modalidades no rúgbi: para sete (“sevens”, disputada em Jogos Olímpicos) e 15 jogadoras (XV, a da Copa do Mundo).

As brasileiras têm experiência no sevens, com 21 títulos continentais. Mais rápido e com menos atletas, essa versão do esporte tem estrutura mais simples e custo menor.

“O placar não é o que estávamos buscando, mas as jogadoras deram tudo que podiam. Elas precisam de mais jogos deste nível para evoluir, é a única opção”, disse o treinador da seleção brasileira, o uruguaio Emiliano Caffera.

Na sequência, o Brasil encarou a França, 4ª do ranking e uma das candidatas ao título.

No revés por 84 a 5, os pontos conquistados pelas Yaras na partida vieram do primeiro “try” da equipe, quando a jogadora cruza a linha de gol da equipe adversária.

A responsável pelo feito foi a capitã do time, Bianca Silva, que conseguiu escapar de três adversárias pelo lado esquerdo com uma finta de corpo e partiu em disparada antes do meio de campo.

“Não deu tempo de sentir muita coisa na hora que marquei o ‘try’, porque tem que voltar logo para o jogo, mas fiquei muito emocionada e me segurei para não chorar. Finalizei a jogada, mas o lance representa o trabalho do time inteiro”, disse Bianca, que foi revelada no projeto social Rugby Para Todos, na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

No último compromisso na competição contra a Itália, 9ª do ranking, nova derrota, por 64 a 3, mas com o Brasil conseguindo pela primeira vez liderar o placar.

Raquel Kochhann, novamente em cobrança de penalidade, foi a responsável por abrir o marcador no duelo contra as italianas, aos oito minutos de partida.

A seleção brasileira seguiu à frente no placar até o 13º minuto, quando o time da Itália virou com o primeiro ‘try’ do jogo.

Apesar das derrotas, as jogadoras do Brasil enalteceram o desempenho apresentado pela equipe na Inglaterra.

“É uma felicidade muito grande poder ter disputado esta Copa do Mundo, jogando do nosso jeito, com o nosso estilo”, afirmou a capitã Eshyllen Coimbra

“Trabalhamos bastante duro a cada semana e conseguimos incorporar muitas coisas ao nosso jogo. Vamos celebrar hoje e voltar ao Mundial daqui quatro anos”, acrescentou Eshyllen, em referência à Copa do Mundo de 2029, na Austrália.

“Estou muito orgulhoso desta seleção, que mostrou ao mundo que o Brasil tem atletas talentosas e um grande time no XV. A experiência vivida é o principal aprendizado desta Copa do Mundo, e agora o que precisamos é de mais jogos e torneios, passando a disputar até doze partidas por ano”, afirmou o treinador Caffera.

As oito seleções remanescentes na Copa do Mundo disputam as quartas de final entre os dias 13 e 14 de setembro.

No sábado, a seleção da Nova Zelândia enfrenta a da África do Sul, enquanto o Canadá mede forças com a Austrália.

No domingo, é a vez de França e Irlanda e de Inglaterra e Escócia.

A final está programada para 27 de setembro.