SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cantora Zélia Duncan disse que a cantora Angela Ro Ro, morta aos 75 anos nesta segunda-feira (8), foi uma artista única, “que cantou lindo até encontrar o silêncio.”
“[Angela Ro Ro foi] ‘Uma moça sem recato’, ou seja, incomodou geral. Tudo em Ângela queria transgredir e tantas vezes até contra si mesma. Uma inteligência grande e malcriada. Um humor ágil e sem vergonha. Veia grossa de poesia”, disse Duncan sobre a cantora brasileira, uma das principais estrelas da MPB nos anos 1970 e 1980.
“Suas lindíssimas e intensas canções, sempre vão falar de nós, mulheres que amam mulheres. E de todos que quiserem falar de amor. Todo amor.”
Numa trajetória marcada por sucessos como “Amor, Meu Grande Amor” e “Tola Foi Você”, Ro Ro ficou conhecida pela transparência em falar sobre a sua sexualidade. Ela se tornou um ícone entre as mulheres homossexuais e sempre foi muito lembrada pela personalidade explosiva e avessa às regras.
Do exagero no uso de entorpecentes aos excessos que se tornavam parte de suas apresentações -shows eram marcados por abandonos repentinos e relatos sobre experiências íntimas e causos amorosos que compartilhava com a plateia-, ela se tornou uma figura fundamental para a comunidade gay e lésbica da época.
Para isso, foi particularmente importante a sua relação com a cantora Zizi Possi, nos anos 1980, que embora tenha vindo a conhecimento público a partir de registros de agressões e ocorrências policiais, trouxe visibilidade a admiradores.
Os últimos meses da artista foram marcados pela falta de sucesso popular, em que Ro Ro pediu dinheiro a fãs e amigos repetidas vezes pela internet. Sem recursos para sustentar diversas tentativas de tratamento que marcaram o final de sua vida, ela enfrentou um quadro de saúde marcado por diversas complicações, como problemas pulmonares, renais e até boatos de um possível câncer.