SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Uma operação policial que investiga atuação de milícias na região de Correntina, município do oeste da Bahia, resultou na prisão de três pessoas nesta segunda-feira (8), incluindo um tenente-coronel da PM.
A investigação mira um grupo criminoso que atuou na região por cerca de dez anos, tendo usando de violência para expulsar comunidades tradicionais de suas terras em favor de fazendeiros locais.
A operação “Terra Justa”, em sua segunda fase, foi conduzida pelo Ministério Público da Bahia, pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e pela Corregedoria da Polícia Militar.
A denúncia contra os suspeitos foi acatada no dia 5 de agosto pela Vara Criminal de Correntina. Entre os quatro denunciados está um sargento da reserva remunerada da PM, suspeito de chefiar a milícia. Os nomes não foram divulgados.
As investigações apontaram que ele movimentou cerca de R$ 30 milhões entre 2014 e 2024, entre créditos e débitos. A maioria dos depósitos foi realizada por empresas ligadas ao setor agropecuário.
Segundo a apuração, o esquema criminoso envolvia a ocultação e dissimulação de valores por meio de contas de terceiros, visando mascarar a origem dos recursos.
Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão nos municípios de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. Foram levadas armas, munições, além de documentos e aparelhos eletrônicos que serão periciados.
O tenente-coronel, suspeito de encobrir os crimes dos milicianos, foi alvo de buscas em sua casa e acabou preso por posse ilegal de arma de fogo. A Folha apurou com pessoas com acesso à investigação que se trata de Luiz Augusto Normanha de Carvalho, diretor do Colégio da Polícia Militar de Bom Jesus da Lapa.
As investigações revelaram que ele teria recebido pagamentos mensais de R$ 15 mil do líder da milícia entre 2021 e 2024. O oficial da PM é investigado sob suspeita de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.