SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após alcançar os 142 mil pontos pela primeira vez na última sexta-feira (5), o Ibovespa opera em queda no pregão desta segunda (8).

Por volta das 16h02, o principal índice da Bolsa caía 0,55%, a 141.850 pontos. As ações ligadas a commodities se valorizam no pregão, devido à alta no preço do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional.

O dólar opera quase estável, em uma sessão de agenda econômica relativamente esvaziada. Às 16h03, a moeda americana à vista subia 0,09%, a R$ 5,420.

Na avaliação de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há uma série de fatores influenciando o desempenho ruim dos ativos brasileiros nesta segunda.

“Você tem um reflexo das manifestações de políticos criticando o Poder Judiciário no 7 de Setembro, a carta que o Brasil mandou para os Brics pedindo união contra o protecionismo americano e a informação de que os EUA estariam se preparando para enviar mais cartas aos bancos exigindo explicações financeiras sobre a aplicação da Lei Magnitsky”, afirma.

Para Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, o mercado vive nesta segunda um pouco de realização de lucro após o desempenho positivo do índice na última sexta-feira.

De acordo com ele, o resultado ruim para o presidente argentino, Javier Milei, nas eleições legislativas no país vizinho também têm algum impacto no humor do Ibovespa nesta manhã, mas não é expressivo. “O impacto do nosso vizinho pode estar fazendo algum peso aqui no Brasil, mas não é uma correlação que impacte fortemente o Ibovespa”,

Apesar do desempenho ruim da Bolsa nesta segunda, a expectativa é que o otimismo visto na última sexta se mantenha nos próximos dias.

“O cenário atual permanece favorável à continuidade da tendência de alta, com o próximo alvo apontando para os 145.800 pontos”, afirmou a equipe de grafistas da Ágora Investimentos, em relatório a clientes.

“Esse movimento [de alta recorde no Ibovespa na última sexta] se ancora principalmente nas expectativas de corte de juros nos Estados Unidos, após dados de empregos mais fracos do que esperado na semana passada terem repercutido nos mercados de títulos do tesouro americano”, explica Lilian Linhares, sócia e head da Rio Negro Family Office.

Com dados norte-americanos de inflação na pauta da semana, que podem definir as apostas para a decisão do Federal Reserve no próximo dia 17, agentes também acompanham a retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma os trabalhos na terça-feira com o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que acusa o ex-presidente e outros réus de tentativa de golpe de Estado.

Nesta segunda, os investidores globais também voltaram as atenções para o Japão, onde o primeiro-ministro Shigeru Ishiba renunciou ao cargo, dando início a um período potencialmente longo de incerteza política para a quarta maior economia do mundo.

Após acertar os detalhes finais de um acordo comercial com os EUA para reduzir as tarifas sobre os produtos japoneses, Ishiba, 68 anos, disse em uma coletiva de imprensa que precisa assumir a responsabilidade por uma série de derrotas eleitorais.

Os investidores ainda repercutem os dados do Boletim Focus -os economistas mantiveram a expectativa de que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminará 2025 em alta de 4,85%.

Os índices S&P 500 e Nasdaq subiam no início do pregão desta segunda-feira, recuperando-se da queda da sessão anterior, em meio a esperanças de que o Federal Reserve possa reduzir os juros em breve em resposta aos dados mais recentes sobre empregos.

Na última sexta (5), a moeda americana fechou em queda de 0,58%, cotado a R$ 5,415. A Bolsa, por outro lado, fechou em forte alta de 1,16%, a 142.640 pontos, renovando o recorde histórico nominal de fechamento do Ibovespa.

No acumulado da semana passada, a Bolsa subiu 0,9%, enquanto o dólar caiu 0,13%.

Dados divulgados na última sexta mostraram que a economia dos EUA criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.

Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, os dados consolidaram a expectativa de diminuição da taxa de juros nos EUA e indicam um ritmo de corte mais acelerado nos próximos meses.

“O banco central americano deve dar mais peso ao risco de uma desaceleração da atividade econômica e começar um ciclo de corte de juros. O ‘payroll’ reforça a perspectiva do Fed cortar juros na decisão desse mês e diminuir nos próximos 6 a 12 meses mais rapidamente”.

De acordo com Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, os cortes de juros podem estimular negócios e um fluxo maior para a renda variável, o que reforçaria o desempenho do mercado financeiro americano e brasileiro.