SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Preso desde agosto de 2024, Leonardo Moja, apontado como liderança do PCC no centro de São Paulo, continuava a comandar a favela do Moinho, de acordo com investigações do Ministério Público estadual.
Léo do Moinho, como era conhecido, contava com a ajuda de parentes e colegas do crime organizado para seguir no controle, segundo o MP-SP. As informações constam em procedimento investigatório criminal ao qual o UOL teve acesso.
Ordens de comando continuavam sendo dadas de dentro do presídio e eram cumpridas por uma cadeia hierárquica dentro da favela. A informação foi dada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Estrutura hierárquica criada por Léo tinha dez pessoas, incluindo a irmã e a sobrinha dele. Alessandra Moja Cunha e Yasmin Moja Flores foram dois dos alvos da operação de hoje, que mirava alvos suspeitos de associação para o tráfico de drogas, lavagem de capitais e crimes ambientais.
Grupo usava dois braços diferentes para crime: tráfico e propina. A droga era vendida e armazenada armas dentro da favela, assim como armas. Outro braço lavava dinheiro ilícito e cobrava propina de moradores que quisessem deixar o local. Cada um dos alvos de hoje teria um papel claro no crime, segundo a investigação.
Após ser preso, Léo do Moinho teria apontado um substituto para assumir a liderança “presencial” dele na favela: José Carlos da Silva, o Carlinhos. O homem teria envolvimento com o tráfico no local antes da prisão de Léo, o que fez com que ele fosse escolhido no lugar de algum membro da família Moja para suceder o criminoso.
Alessandra atualizava Léo sobre movimentações policiais na favela, sobre “descumprimento” de regras no local e sobre a movimentação financeira do ferro-velho da família. Ela foi o principal alvo da operação policial de hoje e, entre as provas da polícia contra ela, estão trocas de mensagens entre os dois.
Após a prisão do irmão, Alessandra teria cobrado propina para as famílias que quisessem deixar o local e assinar acordo com o CDHU, segundo o MP-SP O órgão federal previa oferecer imóveis para que os moradores da favela deixassem a área, mas os moradores só podiam assinar o contrato após pagar um valor para a família Moja, segundo a investigação.
A esposa de Léo, Leandra Maria de Lima, e a sobrinha do homem, Yasmin Moja, também ajudariam na cobrança de propina contra famílias que queriam deixar a favela. Elas também moravam em casas de Léo onde eram guardadas armas e drogas, segundo a investigação da polícia.
Outros três homens seriam responsáveis pela “disciplina” na comunidade: Ronaldo Batista de Almeida, Reginaldo Terto da Silva e Ademário Goes dos Santos. Enquanto os dois primeiros tinham como foco “manter a ordem”, contabilizar e distribuir as drogas na favela, Ademário seria subordinado deles, fazendo também a vigilância das casas de Léo do Moinho.
Outros dois envolvidos na rede hierárquica de Léo do Moinho eram Jorge Santana e Claudio dos Santos, comerciantes que ajudariam a armazenar drogas no local. Segundo a investigação do MP-SP, eles também forneciam pontos para reunião de gerentes do tráfico e para a fabricação de drogas dentro da favela.
O último elo da rede criminosa seria Paulo Rogério Dias, suspeito de coordenar a saída da droga por carroceiros “disfarçados” de catadores de recicláveis. Segundo o MP-SP, parte da droga que deixava o local abastecia a região da cracolândia, no centro da cidade.
Sete pessoas foram presas até o meio da manhã de hoje. Ao todo, o MP-SP e a polícia cumprem 10 mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão na favela.
O UOL não conseguiu até o momento contato com a defesa dos suspeitos presos e alvos de mandados de prisão. O espaço segue aberto para manifestação.