SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O brasileiro Aryeh Shiri, 77, diz acreditar que tenha escapado “por um milagre” da morte em um ataque a tiros em Jerusalém nesta segunda-feira (8). Ele estava a bordo de um ônibus que foi alvo dos agressores, mas desceu momentos antes dos disparos começarem porque o veículo estava parado no ponto e não saía do lugar.

“Desci do ônibus, e quando eu cheguei na parte de trás [do veículo], começou o tiroteio. Se eu estivesse na parte de dentro, eu estava morto, porque eu estava bem atrás do motorista”, afirma Shiri à reportagem.

O brasileiro diz que demorou a entender o que estava acontecendo. Um vídeo do momento do ataque mostra as pessoas no ponto de ônibus começando a correr após ouvirem os sons dos tiros.

Shiri ainda demora alguns segundos para reagir e sair correndo com a multidão. O brasileiro aparece segurando uma sacola e mancando devido a um problema no joelho.

Nascido em Israel, Shiri se mudou com a família para o Brasil em 1958. Ele estava no país visitando a filha, que vive em Israel há mais de 30 anos.

Segundo a polícia, os agressores chegaram de carro e abriram fogo contra o ponto de ônibus no trevo de Ramot por volta das 10h15 locais (4h15 de Brasília). Um segurança e um civil revidaram e mataram os atiradores.

“Quando terminou, eu voltei para lá. A polícia ainda não tinha chegado. E aí, vi os mortos. Havia um cara ferido ao lado do ônibus”, recorda Shiri. “Era uma imagem assustadora.”

Após o ataque, ele foi atendido por um policial e depois liberado. Shiri pegou carona com um civil até um shopping da região antes de voltar à casa da filha.

O atentado matou seis pessoas, incluindo os rabinos Yosef David, 43, e Mordechai Steintzag, 79, além do jovem Yaakov Pinto, espanhol de 25 anos que emigrou para Israel. Há ainda 11 feridos, dos quais seis em estado grave.

O Hamas elogiou os criminosos, aos quais chamou de “combatentes da resistência”, mas não reivindicou a responsabilidade pelo atentado. O Jihad Islâmico, outro grupo terrorista palestino, também celebrou o atentado, sem assumi-lo.

Em resposta ao tiroteio, o ministro da Defesa, Israel Katz, prometeu revidar, ao dizer que “um poderoso furacão atingirá os céus da cidade de Gaza hoje”. Depois, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, foi ao local do ataque e disse que Israel está lutando uma “poderosa guerra contra o terror”.

Já o ministro das Finanças, o extremista Bezalel Smotrich, afirmou que a Autoridade Palestina, órgão reconhecido pela comunidade internacional que governa parcialmente a Cisjordânia, “cria e educa seus filhos para assassinar judeus” e que “deve desaparecer do mapa”.

A entidade emitiu uma nota afirmando que rejeita e condena “qualquer dano a civis palestinos e israelenses, e rejeita todas as formas de violência, independentemente de sua origem”. O comunicado chama a atenção pois a Autoridade Palestina tem evitado nos últimos anos comentar ataques realizados por palestinos.