SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Presa em operação da polícia na Favela do Moinho na manhã desta segunda-feira (8), Alessandra Moja Cunha é apontada por investigadores como uma das lideranças de uma organização criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) que atua no local com tráfico de drogas e coação de moradores.
A reportagem não conseguiu confirmar até a publicação se ela apresentou defesa.
A Operação Sharpe foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, e por agentes das polícias Militar e Civil, para cumprir dez mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.
Alessandra é irmã de Leonardo Moja, o Léo do Moinho, preso no ano passado e apontado como líder do tráfico na comunidade. Ela tem se apresentado ao longo dos anos como líder comunitária e presidente da Associação da Comunidade do Moinho. Em diferentes ocasiões, Alessandra já falou sobre confrontos entre forças de segurança e os moradores no local.
Considerada a última grande favela da região central de São Paulo, o Moinho tem visto esses confrontos acontecerem, mais recentemente, desde abril, quando o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou a intenção de fazer a remoção gradual da favela para colocar em prática um plano de intervenções urbanas no local.
Em junho deste ano, Alessandra também ajudou na organização da visita do presidente Lula (PT) ao local, ocasião em que ele anunciou R$ 250 mil para que as famílias pudessem comprar imóveis totalmente subsidiados em parceria dos governos federal e de SP.
Ela se reuniu com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, para a organização da visita. Durante o evento, ela também posou para fotos com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Mas, segundo o Ministério Público, Alessandra tem papel fundamental na organização criminosa que continua a atuar no Moinho com tráfico de drogas, mesmo depois da prisão de Léo. Diz o Gaeco que Léo receberia informações de todos os acontecimentos na favela e da contabilidade dos negócios ligados à família.
Ela também é suspeita de cobrar propina de moradores que teriam feito acordo com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para deixar o local, autorizando o cadastro e a assinatura no programa para moradias subsidiadas apenas após o pagamento dessa taxa.
Por meio da presidência da associação, de acordo com os investigadores, ela coordenaria atos contra ações policiais e contribuiria com a manipulação de manifestações públicas legítimas para proteger a parte criminosa.
Também é apontada como responsável por lavar dinheiro ilegal em empresas controladas por Léo e como administradora do Ferro-Velho Moinho, enviando ao irmão anotações contábeis.
Também de acordo com o Ministério Público, entre os imóveis usados pela organização criminosa estão a própria residência de Alessandra, a de um filho dela, um conjunto com oito casas -um deles onde mora a mãe de Léo- e outro onde vive sua filha, Yasmim Moja, também presa na operação desta segunda, e onde seriam armazenadas drogas.