SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Explico como nove funcionários cuidam da segurança por traz do Pix, que movimento R$ 2 trilhões de mais de 160 milhões de pessoas.
Também aqui: criptomoedas enriquecem quem já era rico, o que imigração tem a ver com economia e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (8).
**1 FUNCIONÁRIO VS. 100 EMPRESAS**
Pix para lá, Pix para cá é o que se ouve na maioria dos estabelecimentos brasileiros. O queridinho da nação ganha (mais) força: na sexta-feira (5), movimentou uma quantia recorde, R$ 165 bilhões, em um número de transações também inédito, 290 milhões.
Mesmo com números tão vultosos, hoje são apenas nove funcionários que dão conta da segurança do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) infraestrutura por trás do Pix, que movimenta todos os meses quase R$ 2 trilhões de mais de 160 milhões de pessoas.
COMO ASSIM?
Essa equipe precisa garantir a integridade de 919 participantes do Pix 204 têm participação direta, e outras 715, indireta. Isso significa que cada funcionário é responsável por fiscalizar mais de cem empresas.
Ainda há as PSTIs, empresas que ligam instituições de pagamentos menores ao Pix e serviram de flanco para os ataques a contas de pagamento instantâneo mantidas no BC.
O prejuízo total, que recaiu sobre as instituições financeiras, fica na casa do R$ 1,5 bilhão.
REBOBINANDO
Vamos relembrar alguns percalços de segurança da autarquia.
Um ataque cibernético no fim de agosto desviou R$ 710 milhões da Sinqia, empresa que conecta instituições financeiras ao sistema Pix.
O Monbank, instituição financeira digital com sede em Porto Alegre (RS), foi alvo de um ataque hacker no dia 2 de setembro. A ofensiva desviou R$ 4,9 milhões, dos quais R$ 4,7 milhões foram recuperados no mesmo dia.
MUDANÇAS
Depois dos incidentes, o BC mudou regras para reforçar a segurança do sistema nacional. Mesmo assim, o problema continua: falta braço.
Entidades do setor defendem a aprovação de uma PEC que aumentaria a autonomia do órgão. Isso liberaria o BC das amarras do Orçamento federal. A autarquia passaria a reter as verbas que levanta por meio de serviços, em vez de repassá-las ao Tesouro.
O novo regime facilitaria o processo de contratação de funcionários, em um cenário de redução de 33% no quadro de servidores nos últimos dez anos são 1.693 funcionários a menos em atividade do que em relação a uma década atrás.
**UMA MOEDA PARA CHAMAR DE SUA**
Já imaginou qual nome daria para sua moeda, caso pudesse criar uma? Hoje, qualquer um pode ter uma criptomoeda para chamar de sua.
A família Trump que o dia. O presidente dos EUA tem a sua própria criptomoeda, a $TRUMP, e a primeira-dama, Melania, lançou a $MELANIA.
BOM NEGÓCIO?
Em apenas algumas semanas, a família Trump acumulou cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 7 bilhões) com dois empreendimentos de criptomoedas, cada um com menos de um ano de existência.
As criptomoedas foram emitidas por meio da World Liberty Financial, uma empresa criada pela família em parceria com sócios. O presidente americano detém a maior parte da companhia.
Dois filhos do republicano, Eric Trump e Donald Trump Jr., participam da administração do negócio.
ESTRATÉGIA
A família presidencial eliminou intermediários entre a emissão dos ativos e a receita obtida. A World Liberty Financial (WLF) é responsável por criar os tokens, garantir a liquidez inicial e administrar diretamente o processo, sem depender de agentes externos.
Dinheiro chama dinheiro. A WLF atingiu um marco importante em 1º de setembro: deu a possibilidade de seus clientes negociarem seu token homônimo. Ainda, no mês passado, fechou um acordo com uma empresa de capital aberto para estocar o ativo.
Juntos, esses acontecimentos adicionaram cerca de US$ 670 milhões (R$ 3,6 bilhões) ao patrimônio líquido dos Trumps.
CONFLITO DE INTERESSES?
O chefe da Casa Branca quer aproximar as criptomoedas e o público americano. Nos primeiros dias de mandato, ordenou a criação de um grupo de trabalho para estudar e formular uma nova legislação para o mercado paralelo.
Ele também declarou ter intenções de criar reservas públicas de ativos cripto e regulamentou as stablecoins lastreadas em dólar.
Vale a reflexão: quem está ganhando com as mudanças na legislação?
**BLITZ DA IMIGRAÇÃO**
O que imigração tem a ver com economia? Tudo, gafanhoto. O dinheiro é um dos principais motivadores de movimentos migratórios e, também, faz parte do resultado da integração de novas pessoas no sistema de um país.
Historicamente, trabalhadores imigrantes tem um papel importante em países desenvolvidos, sobretudo em setores como a indústria, a construção civil e os serviços. Isso sem falar da migração de cérebros, quando nações atraem pessoas altamente qualificadas para integrar grandes empresas e grupos de pesquisa.
SEM MISERICÓRDIA
Um dos pilares da campanha presidencial de Donald Trump foi o controle da imigração para os Estados Unidos e a deportação de pessoas sem a documentação adequada de permanência.
Um acontecimento da última semana ajuda a demonstrar a intersecção entre a política rigorosa do republicano e eventuais problemas na economia e diplomacia americanas.
BLITZ
Autoridades dos EUA detiveram 475 trabalhadores, a maioria sul-coreanos, empregados em uma fábrica de baterias operada pela Hyundai e pela LG na Geórgia, em um dos maiores empreendimentos com investimento estrangeiro na região.
Um vídeo mostrou coreanos com coletes amarelos sendo algemados nos tornozelos, pulsos e cintura. A Casa Branca defendeu a operação.
CRISE NO RELACIONAMENTO?
A Coreia do Sul, aliada histórica dos EUA, prometeu dezenas de bilhões de dólares em investimentos na indústria manufatureira americana, em parte para compensar ameaças tarifárias por parte do governo Trump.
O momento da operação, em que os dois governos mantém negociações comerciais delicadas, gerou preocupação em Seul. Muitos dos funcionários da LG presos estavam em viagens de negócios com vistos diversos ou sob um programa de isenção de visto, segundo autoridades.
A imprensa sul-coreana descreveu amplamente a operação como um “choque”, com o jornal Dong-A Ilbo alertando que isso poderia ter “um efeito inibidor sobre as atividades de nossos negócios nos Estados Unidos”.
E AGORA?
O país asiático enviou um avião para resgatar os trabalhadores deportados. No âmbito econômico, nenhuma decisão importante foi anunciada.
**RENASCENDO DAS CINZAS**
O ano é 2010. Os valores do dólar e do real são bem mais próximos do que serão em 2025. O sonho da classe média brasileira é um moletom da Gap.
De volta ao agora, é difícil imaginar o quão valioso era esse item de moda para os pré-adolescentes há 15 anos. A Gap, marca de roupas americana, ficou isolada na ilha da breguice até hoje. Agora, um novo CEO quer a levar ao auge mais uma vez.
QUEM?
Richard Dickson diz que o grupo varejista de 56 anos que também é dono das redes de moda Old Navy, Banana Republic e Athleta está na vanguarda mais uma vez.
O CEO ocupa a cadeira há dois anos e, depois de um corte na equipe, acha que pode expadir as marcas.
O SEGREDO DA JUVENTUDE?
O que ele quer é cair nas graças dos jovens novamente. Para isso, está reformulando a linha de produtos da Gap, incluindo itens de beleza nas lojas Old Navy e bolando as estratégias de marketing para tentar capturar a atenção dos adolescentes.
Os investidores ficaram animados com o progresso, mas analistas dizem que agora cabe a Dickson provar que está construindo uma recuperação duradoura em um setor instável por natureza.
E DAÍ?
O executivo não é o primeiro a prometer uma vida nova para a Gap. O mercado acredita que ele pode conseguir e se fia no histórico do executivo.
Como diretor de operações da fabricante de brinquedos Mattel, ajudou a remodelar a Barbie para uma nova geração principalmente com o licenciamento da marca para o filme de 2023, de enorme sucesso.
Mesmo assim a missão é ingrata. A Gap reduziu sua linha de produtos, fechou lojas nos EUA e no exterior e encerrou atividades na Europa.
Em números:
– 350 lojas da Gap e da Banana Republic na América do Norte fecharam de 2020 até 2023;
– 3.500 estabelecimento em mais de 35 países é a presença atual do grupo no mercado;
– 1% foi o crescimento das vendas comparáveis do segundo trimestre na comparação com o ano anterior;
– US$ 216 milhões (R$ 1,2 bilhão) foi o lucro líquido no segundo trimestre, em comparação com US$ 206 milhões (R$ 1,1 bilhão) no ano anterior.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Fim da história? A Anthropic, empresa de inteligência artificial que controla o chatbot Claude, fechou um acordo de US$ 1,5 bilhões com escritores em processo de direitos autorais. Um revés no caso poderia levar a companhia à falência.
Mais perto do corte. A taxa de desemprego nos EUA aumentou para 4,3% e a criação de vagas esfriou no mês de agosto. Esses indicadores podem contribuir para uma possível leitura do Fed de que é hora de baixar a taxa de juros do país.
De volta ao jogo. A Aneel aprovou a transferência e a Âmbar, empresa dos irmãos Batista, fará investimento para assumir a Amazonas Energia.