SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se o primeiro dia de The Town, que começou no último sábado em São Paulo, foi regido pela contemporaneidade do trap, este domingo virou dia de olhar com carinho para trás –e a cantora Pitty foi uma das protagonistas brasileiras deste movimento que também contou com Capital Inicial e CPM 22.

Ela fez um show no começo da noite do que é conhecido como o dia do rock do festival, dominado por um público visivelmente mais velho do que os novinhos que circulavam no dia anterior, mas vestido de preto na mesma medida.

Da última vez que fez um show no Autódromo de Interlagos, na primeira edição do The Town, em 2023, a cantora estava prestes a embarcar na turnê “ACNXX”, que celebrava as duas décadas de lançamento de “Admirável Chip Novo”.

O álbum, primeiro disco da cantora baiana que surgiu na cena punk de Salvador, fincou Pitty no mapa do rock brasileiro e se tornou a obra-prima de sua carreira. Não à toa ela passou um ano inteiro rodando o Brasil em shows dedicados àquelas canções.

Ironicamente, a visita ao passado parece ter oxigenado sua carreira. Seu vigor no palco nunca foi embora, mas a presença dela em festivais de música pelo Brasil parecem ter reconectado a artista a um público que cresceu com aquelas canções tocando nas rádios e na MTV.

A imagem e a voz de Pitty voltaram a aparecer em muitos lugares e suas canções ganharam novas versões nas vozes de gente como Pabllo Vittar, Ney Matogrosso e Sandy no disco especial “Admirável Chip Novo (Re)Ativado”.

No The Town, a força da artista se traduziu num palco The One cheio, com coros em todas as músicas, uma criança cantando “Admirável Chip Novo”, rodas de bate-cabelo em “Memórias” e um pedido de casamento em “Equalize” que foi muito comemorado pelo público ao redor do casal.

Pitty disse numa entrevista que essa, sua música mais romântica, foi o lançamento que a deixou mais reticente. Isso porque, na época, a gravadora insistiu que ela fosse o primeiro single do álbum de 2004, mas Pitty sentia que, como uma mulher no rock, precisava se provar estreando com um som mais pesado.

Ela diz, no entanto, ter feito há tempos as pazes com o amor e com “Equalize”, que se tornou um de seus maiores sucessos –e que agora é tema de momentos como o de Mayara Rosa e Thiago Diniz, que deram seu primeiro beijo nesta mesma música no show da artista no The Town de 2023.

Apesar de já ter encerrado a turnê de seu trabalho mais famoso, Pitty dedicou a maior parte de seu repertório a ele, com faixas como “Máscara”, “Teto de Vidro” e “Semana que Vem”.

Ela também tocou algumas de “Anacrônico”, que completa 20 anos em 2025. “Na Sua Estante”, por exemplo, ganhou uma versão só no violão cantada em coro pelo Autódromo de Interlagos.

Das lançadas fora de seus álbuns mais celebrados, só apareceram “Sete Vidas”, de 2014, e “Me Adora”, de 2009, que fechou o show com ela cantando o refrão mais perto do público e se perdendo para voltar ao palco.

“É louca essa história do tempo, piscou e estamos aqui”, disse Pitty, sobre o que parece ser o maior aliado de sua carreira. “E é louco como a música tem a capacidade de atravessar isso.” Talvez nem todas as músicas sobrevivam, mas as de Pitty certamente continuarão por aí.