SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em dia de The Town dominado pelo rock, Kamasi Washington ofereceu um respiro com jazz. Ele foi escalado para o palco São Paulo Square, que todos os dias reúne artistas não tão populares e menos atrelados à programação principal do evento.
É um espaço menor, mais intimista, mas ideal para Washington, que faz um som etéreo, completamente instrumental, sem pirotecnias e nem bateção de cabeça. Suas músicas são longas, complexas, cheias de camadas.
Washington entrou tocando saxofone e ficou assim por dez minutos, período pelo qual a plateia, um tanto vazia, ficou hipnotizada. Havia apenas algumas dezenas de pessoas ali, muito menos que os milhares que lotam o palco vizinho, o Skyline, onde tocam os artistas mais cobiçados do festival –neste domingo, encabeçado pela banda Green Day.
Mas foi justamente o clima intimista que elevou a performance de Washington. Dava para ver todos os detalhes do palco, do artista e dos seus exímios colegas de banda. A estrutura do São Paulo Square também chama a atenção, com referências a espaços culturais importantes da capital paulista, caso do Theatro Municipal e da Pinacoteca.
A obra de Washington é construída a partir de uma junção sofisticada de bateria, saxofones, teclado e contrabaixo –a certa altura uma cantora entra para tornar o som mais épico com gritos da letra “A” bem esticados.
É o tipo de música que dificilmente chegaria aos ouvidos de quem está ali não fosse a curadoria do festival –que este ano está cheio de artistas repetidos em um line-up pouco inspirado. Assim, Washington, apesar de soar deslocado na programação do dia, brilha com seu ineditismo.
O The Town segue neste domingo com shows do trio mineiro Black Pantera, da banda americana Bad Religion, de Iggy Pop, artista referência no punk, e do grupo Green Day.