SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do júri do Festival de Cinema de Veneza, Alexander Payne, negou que um dos seus jurados tenha ameaçado sair do grupo se “Father Mother Sister Brother”, vencedor de fato do evento italiano, fosse eleito titular do Leão de Ouro, a principal láurea do festival.

Esse rumor surgiu nas redes sociais pouco antes do anúncio do grande vencedor do festival, eleito no último sábado. O longa do americano Jim Jarmusch surpreendeu ao conquistar o prêmio principal, já que se esperava “A Voz de Hind Rajab”, de Kaouther Ben Hania, como laureada com o prêmio –sua obra acabou ficando com o Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante.

Sua manifestação se deu no contexto de constrangimento em que o festival terminou. Um fim visto por muitos como um gesto político anti-Palestina por parte do júri –ou, na melhor das hipóteses, uma postura acovardada de Payne.

Afinal, o longa amplamente favorito, “The Voice of Hind Rajab” falava das mortes causadas por Israel no atual conflito em Gaza, se posicionando claramente em oposição aos atos do governo de Binyamin Netanyahu.

Em conversa com jornalistas no último sábado, após a divulgação dos filmes premiados, Payne foi questionado sobre a escolha, já que o filme da diretora tunisiana recebeu aplausos durante 22 minutos em sua estreia.

Ele defendeu o júri e disse que não há nenhuma questão política por trás. Afirmou ainda que estar num festival e ter de eleger qual filme é melhor é injusto. Mas destacou que ambos são valorizados e desejou uma vida longa e importante para os dois.

Em seguida, Payne disse que, caso a votação acontecesse no dia anterior, a premiação poderia ter sido diferente.

O diretor americano concluiu afirmando que a premiação não ocorre para um filme em detrimento de outro, e que as margens são mínimas nos itens avaliados para selecionar o vencedor. Negou, enfim, um boato que circulava nas redes sociais de que um dos jurados teria pedido para desistir ao saber que o filme de Jarmusch seria o vencedor.