SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O reforço no policiamento no centro de São Paulo, com patrulhas da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana), não tem impedido a ação de criminosos na região, assim como ocorre em toda a cidade.
É o que mostram números divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) do estado e os relatos de quem acompanha diariamente a ação de ladrões de celular. Os furtos seguem em alta em um momento em que a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) celebra o aumento no número de prisões.
De janeiro a julho foram 15.226 queixas de furto -ou 72 por dia- na junção das áreas do 1º DP (Sé), 2º DP (Bom Retiro), 3º DP (Campos Elíseos) e do 77º DP (Santa Cecília), com alta de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, que teve 13.738 casos.
O crescimento percentual foi maior do que o atingido na capital, onde foram registradas 144.804 ocorrências de furto em sete meses, alta de 4% em relação a 2024, com 139.107 registros no período.
Em nota, a SSP disse estar atenta a variação dos índices criminais registrados na capital. “Apesar do aumento de furtos, os roubos atingiram o menor patamar da história, com queda de 13,6% de janeiro a julho deste ano na comparação com 2024.”
O governo afirmou atuar em várias frentes para combater os crimes patrimoniais. “Uma delas é a identificação e prisão de receptadores, que alimentam a cadeia ilícita. Outra é a intensificação das prisões de infratores. Apenas neste ano, as polícias paulistas prenderam e apreenderam 26.661 infratores na Capital -maior quantidade desde 2020.”
Comerciantes no entorno da praça Olavo Bilac, no bairro Campos Elíseos, não relatam essa sensação de segurança, uma vez que convivem diariamente com ataques de ladrões da chamada gangue da bike. Montados em bicicletas ou motos, os criminosos esperam o mínimo descuido para arrancar celulares das mãos de quem frequenta o local.
Os ataques acontecem antes ou depois da passagem de viaturas da PM ou da GCM pelo local.
A prática toma o centro quase como um todo e pode estar por trás da alta de queixas de furtos. A dispersão da cracolândia por diversas ruas do centro também pode ter contribuído para o aumento da mancha criminal.
Segundo quem trabalha no entorno da praça, os ataques não têm dia ou horário específico. Como forma de diminuir o número de vítimas, são os funcionários de bares e restaurantes os responsáveis por alertar os clientes.
As dicas vão de redobrar a atenção quando estiver na calçada até solicitar e esperar carros por aplicativo dentro dos imóveis, e não no meio-fio. Além das bicicletas, motos também são utilizadas para cometer os crimes.
Somente na área do 77º DP (Santa Cecília), unidade da Polícia Civil a cerca de 600 metros da praça, a alta de furtos foi de 7%, com 2.563 queixas neste ano ante 2.380 no ano passado.
O crescimento nesse caso foi mais comedido do que notado no 1º DP (Sé), onde passou de 5.110 notificações para 5.841, alta de 14%, ou no 3º DP (Campo Elíseos), que teve 520 queixas a mais no comparativo com o ano passado (alta de 13%).
O 2º DP (Bom Retiro) se manteve estável, com 54 queixas a mais neste ano.
ROUBOS
Na contramão dos furtos, os roubos tiveram queda na região central e na cidade, com a menor marca desde 2001.
Na junção das mesmas delegacias, foram 4.012 notificações, ou seja, 19 roubos por dia. A quantidade total, no entanto, representa queda de 21% em relação a 2024, quando houve 5.064 registros.
Todas as delegacias reduziram seus números. A queda no 1º DP (Sé) foi de 12%; no 2º DP (Bom Retiro), 34%; no 3º DP (Campos Elíseos) o recuo chegou a 26%, enquanto no 77º DP (Santa Cecília) a queda nas queixas de roubo foi de 20%.
Na cidade, foram mais de 59 mil roubos de janeiro a julho, uma queda de 14% em relação a 2024.
A pasta da segurança disse realizar ações específicas no combate ao roubo e furto de celulares, as operações Mobile e Speed Bike. “Juntas, as ações resultaram na prisão de 229 infratores nos primeiros sete meses do ano. Os furtos e roubos realizados com o uso de bicicletas apresentaram queda de 82% na mesma comparação”, acrescentou a SSP.
Já a Prefeitura de São Paulo afirmou que atua de forma ampla e estratégica para fortalecer a proteção dos cidadãos da capital paulista, com foco em inteligência, tecnologia, estrutura, valorização da Guarda Civil Metropolitana e integração com as demais forças de segurança.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) também destacou números do Smart Sampa. “O sistema já conta com 32 mil câmeras conectadas -sendo 20 mil próprias e 12 mil da iniciativa privada. A inteligência gerada pelo sistema permitiu, até esta terça-feira (2), a captura de 1.776 foragidos da Justiça, sendo 1.456 em 2025, a prisão em flagrante de 3.210 criminosos e a localização de 85 pessoas desaparecidas.”
O município afirma ainda destaca a parceira com o governo, com a oferta de 2.400 vagas para a Operação Delegada, o chamado “bico oficial”, em que policiais trabalham durante as folgas no patrulhamento de vias com grande circulação. “No mês de agosto, foram entregues câmeras do programa Smart Sampa acopladas em motos da GCM com tecnologia para leitura de placas veiculares.”