SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foi difícil achar espaço para enxergar o show do rapper Matuê, um dos shows mais esperados deste sábado (6) no The Town, festival que toma o Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Ele foi escalado para o palco The One, o segundo mais importante do evento, depois do Skyline.
O problema é o mesmo de outros festivais do tipo –os shows foram programados em horários muito próximos para palcos muito distantes. Quem via o nigeriano Burna Boy no Skyline caminhou por cerca de 15 minutos até o palco de Matuê, e teve de escolher entre perder o final do show de um ou o começo do outro.
Mas, mesmo ao alcançar o The One, onde se apresentava o brasileiro, levou tempo para achar um espacinho para avistar o show, ainda que pelos telões. As pessoas se apertavam, pediam licença, empurravam e esticavam o pescoço para enxergar o palco. Quem é baixinho, então, sofreu mais ainda.
Matuê compensou o sufoco com um show cheio de jatos de fogo atirados para o alto, e muitos hits –bom para aquecer uma São Paulo gelada e deixar o público no ponto para a apresentação de Travis Scott, trapper americano que encabeça a programação do dia.
Matuê e Scott dividem o mesmo público. No Brasil, o cearense é uma das principais vozes do trap, um derivado do rap que por aqui ganhou tração especialmente entre os jovens. Eram eles que formavam a maior parte do público, aliás, mais ou menos como no dia em que Scott cantou no Rock in Rio do ano passado.
Se no show de Burna Boy, mais cedo, o público mal sabia as letras, o cenário era outro no de Matuê. Muita gente, mesmo quem estava nas fileiras do fundo da plateia, sabia cantar sucessos como “Quer Voar”, viral no TikTok.
Matuê faz um trap acessível, cheio de intersecções com o funk, um dos ritmos mais populares do país. Fala de temas comuns ao gênero, como dinheiro, autoconhecimento e superação –como “A Morte do Autotune”, que fez adolescentes darem gritos. Esperem, essa a gente vai ter que ouvir, uma disse para a outra.
Elas estavam seguindo um grupo enorme de pessoas que já iam deixando o espaço, mesmo a 15 minutos do final do show. É que, para alcançar o palco Skyline, onde logo se apresenta o americano Don Toliver, havia um longo caminho a percorrer.