SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foi preso nesta sexta-feira (5) um homem apontado como um dos maiores traficantes de animais do Brasil. Ele é investigado por liderar uma organização criminosa com atuação em várias regiões da Bahia e outros estados, com prática de crimes de tráfico, maus-tratos e receptação qualificada de animais silvestres e lavagem de dinheiro.
A prisão faz parte da Operação Fauna Protegida, do MP-BA (Ministério Público da Bahia), que cumpriu mandados de prisão e busca em Salvador e em Mascote, no extremo sul do estado.
De acordo com a investigação, o grupo comercializava ilegalmente centenas de animais, principalmente aves, incluindo espécies como estevão, canário, chorão, papa-capim e trinca-ferro. Há registros de venda de passarinhos de até R$ 80 mil.
O suposto líder da organização tem diversas passagens na polícia por crimes contra a fauna e atuava no tráfico há mais de 20 anos. Ele já foi flagrado com carga de 1.575 pássaros e centenas de jabutis.
Outro homem, suspeito de ser um dos principais fornecedores de animais, foi preso preventivamente. Foram cumpridos, ainda, mandados de busca e apreensão nos endereços residenciais deles e de uma terceira pessoa, que agiria como receptadora.
“A operação deflagrada hoje é uma resposta contundente do estado para promover a proteção da nossa fauna, tão importante para a manutenção de um meio ambiente saudável”, disse em comunicado a promotora de Justiça de Meio Ambiente Aline Salvador. Ela acrescentou, ainda, que as investigações seguem agora para complementação das provas e denúncia criminal.
Segundo o MP-BA, a organização tinha quatro núcleos operacionais: de captores e fornecedores, responsáveis pela caça ilegal e acondicionamento precário das aves em áreas rurais da Bahia; de transporte, que conduziam os animais, em condições de severos maus-tratos, até os pontos de comercialização; o financeiro, de lavagem dos recursos ilícitos; e de destinatários e receptadores, situados em sua maioria em Salvador, que adquiriam os animais tanto para revenda quanto para ostentação.
A operação foi realizada em conjunto pelas promotorias regionais ambientais de Ilhéus e Itabuna e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais), com apoio de outros entes, como a Abrampa (Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente), o Ministério Público de Alagoas e a Polícia Militar.
A ação na Bahia está alinhada a um projeto desenvolvido pela Abrampa para fortalecer e melhor capacitar instituições para processar crimes contra animais silvestres.
“O projeto contribuiu com a capacitação de agentes públicos, desenvolvimento de manuais de combate ao tráfico silvestre e articulação entre Ministérios Públicos para compartilhar informações sobre crimes que tenham conexão com mais de um estado”, afirmou em comunicado o presidente da entidade, Luciano Loubet, promotor de Justiça em Mato Grosso do Sul.