BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, avaliou que o Banco Master não ameaça a saúde do sistema bancário nacional. “Jamais”, disse.
Segundo Galípolo, o sistema brasileiro é absolutamente hígido [saudável] do ponto de vista da estabilidade e um dos mais seguros e solventes do mundo. “Temos reserva de liquidez abundante. Não há qualquer tipo de ameaça ao sistema”, afirmou.
Na última quarta-feira (03), o BC vetou a compra do Master pelo BRB (Banco de Brasília) do governo do Distrito Federal após a avaliação da operação, que durou cinco meses.
O veto deixou em aberto dúvidas sobre o futuro do banco, a solvência do Master para o pagamento dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) emitidos pelo banco e a possibilidade de o BC anunciar uma intervenção ou até mesmo uma liquidação da instituição de Daniel Vorcaro com o acionamento do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que honra até R$ 250 mil por CPF e CNPJ no caso de quebra do banco.
O presidente não fez comentários sobre as razões que levaram o BC a indeferir a operação e os próximos passos do caso Master. Disse que o voto que embasou a decisão é sigiloso por ter informações comerciais.
Ao comentar o projeto que permite ao Congresso demitir diretores e presidente do BC, Galípolo defendeu a autonomia da autoridade monetária para tomar decisões técnicas.
“O mandato dos diretores do Banco Central não é uma garantia para o diretor. É uma garantia para o país. Não há nenhum diretor aqui que vá enxergar algum trade off [troca compensatória] em fazer a coisa correta, técnica, e manter o seu emprego. Ele vai tomar a decisão correta ainda que isso possa custar o emprego”, disse.
Ele ressaltou que o mais adequado é seguir as melhores práticas internacionais de preservação do mandato para tomar as decisões técnicas.
Galípolo ponderou, no entanto, que não cabe ao BC comentar as proposições de lei.
Como revelou a Folha de S.Paulo, lideranças do centrão articularam uma ofensiva para a votação do projeto. O movimento ocorreu na véspera da decisão do Master e foi visto por integrantes do governo como uma forma de pressão para o BC aprovar a operação de compra pelo BRB.
Galípolo também informou que o BC está acompanhando os desdobramentos no mercado bancário das sanções impostas pelo governo Donald Trump ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky. Sem fazer citações, ele chamou de inusitadas as razões para as sanções.