SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registra firme queda nesta sexta-feira (5), com os investidores repercutindo dados do relatório “payroll” de emprego dos Estados Unidos, que vieram bem abaixo das expectativas.
O resultado do índice, uma das métricas preferidas do Fed (Federal Reserve, banco central americano) para sua política monetária, reforça as apostas do mercado em um início do ciclo de corte de juros nos EUA.
Às 11h03, a moeda norte-americana caía 1,10%, cotada a R$ 5,386. No mesmo horário, a Bolsa subia 1,65%, a 143.328 pontos após registrar um novo recorde intradia do Ibovespa, de 143.402 pontos, na máxima do dia.
A desvalorização da moeda americana no Brasil acompanha o exterior. O índice DXY, que compara a força do dólar com outras seis divisas do mundo, caía 0,75%, a 97,53 pontos, nesta manhã.
Assim como na véspera, o pregão é marcado pela divulgação de dados econômicos dos EUA que mostraram um mercado de trabalho mais fraco do que o projetado o que reforça as apostas de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos).
Dados divulgados nesta sexta mostraram que a economia dos EUA criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.
Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, os dados consolidam a expectativa de diminuição da taxa de juros nos EUA e indicam um ritmo de corte mais acelerado nos próximos meses.
“O banco central americano deve dar mais peso ao risco de uma desaceleração da atividade econômica e começar um ciclo de corte de juros. Reforça a perspectiva do Fed cortar juros na decisão desse mês e diminuir nos próximos 6 a 12 meses mais rapidamente”.
No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou um possível corte na taxa de juros na reunião do banco central dos EUA em 16 e 17 de setembro, mas evitou se comprometer.
Analistas também monitoraram as incertezas da política comercial de Trump e a ofensiva do republicano ao Fed.
Na última sexta-feira (29), um tribunal dos Estados Unidos decidiu que as tarifas recíprocas de Trump são ilegais. O tribunal também determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte americana.
Trump, na noite da última terça, cobrou uma decisão rápida da Suprema Corte sobre as tarifas. “É uma decisão muito importante e, francamente, se eles tomarem a decisão errada, será uma devastação para o nosso país”, afirmou.
Enquanto isso, o presidente americano mantém sua pressão a autonomia do Fed, em busca de um maior controle sobre o banco central.
Trump anunciou a demissão da diretora do Fed Lisa Cook na última semana. Após dizer que o republicano não tinha autoridade para demiti-la, a diretora entrou com uma ação judicial contra Trump.
Acredita-se que a ação judicial movida por Cook seja o primeiro passo de uma longa batalha que deve ser resolvida pela Suprema Corte americana.
No cenário doméstico, as tensões comerciais entre Brasil e EUA continuam no radar do mercado interno. De acordo com Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços), as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 18,5% em agosto na comparação com mesmo período do ano passado em meio ao tarifaço.
Além disso, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou nesta semana, promete acirrar a relação conturbada entre os países.
Quando Trump anunciou a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria vítima.
A primeira semana do julgamento do ex-presidente foi marcada pela leitura do relatório do caso, pela acusação da PGR (Procuradoria Geral da República) e pela defesa dos reús. A sessão será retomada na próxima terça (9) com os votos dos ministros do STF.
Ministros do STF dizem esperar uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento.
Paralelamente, líderes do centrão e da oposição pressionam por um pacote de anistia que beneficie o ex-presidente. O movimento é liderado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, (Republicanos), que desembarcou nesta semana em Brasília para atuar na linha de frente da articulação.
Na noite desta terça, Alcolumbre afirmou rejeitar uma anistia ampla e disse que vai apresentar e discutir um projeto de lei alternativo.
De acordo com líderes do centrão, contudo, há cerca de 300 votos na Câmara em prol de uma anistia ampla, que evite a prisão de Bolsonaro. O número já supera os 257 necessários para aprovar a urgência do projetos.