SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro final de semana de setembro é de agenda cheia em São Paulo para quem gosta de música. Além do megafestival The Town e do show do intervalo da partida de futebol americano da NFL, com Ana Castela e Karol G, há o festival Coala, que chega à 11ª edição com shows de Caetano Veloso, Liniker e Marina Sena.
A programação composta apenas por artistas brasileiros reforça a curadoria do festival e contrasta com o The Town, que tem nos nomes internacionais seu chamariz. “O The Town é um transatlântico, e o Coala é um navio, mas a gente tem uma construção sólida de público”, diz Gabriel Andrade, fundador e curador do evento.
Para essa edição, a principal novidade do Coala é uma redução no número de shows e palcos, que desta vez serão dois. As apresentações vêm em menor número, porque terão maior duração, afirma Andrade. “Observamos que nosso público preferem menos shows e shows mais longos.”
“A gente faz o Coala nessa data desde 2016, e acho que existe uma intersecção de público com o The Town, mas não é total”, afirma Andrade. “O que antes eu imaginava como uma ameaça hoje vejo que pode ser algo benéfico, porque talvez os festivais se ajudem: quem vem a São Paulo tem duas opções do que fazer neste final de semana”.
A situação vivida pelo festival é exemplar do cenário da música ao vivo hoje. Empresas como a Rock World, organizadora do The Town, tem poder de compra elevado e fluxo de caixa parrudo. Isso facilita as tratativas com artistas e infraestrutura de grandes eventos e leva festivais de médio porte à concorrência há uma competição pelo bolso do público e por poucos espaços no calendário de grandes capitais.
Nesse sentido, curadoria e planejamento extenso são fundamentais. “Hoje é muito mais caro fazer um festival como o Coala, e antes da pandemia eu começava a pensar no festival há uns quatro, cinco meses antes de sua data de realização”, diz Andrade. “Hoje, tenho de pensar em tudo com um ano de antecedência. Agora já estou pensando no Coala 2026.”
Depois de uma década ativo, o Coala se consolidou no cenário de festivais com uma programação que une medalhões da MPB, clássicos algo obscuros e jovens artistas que se consolidaram no cenário alternativo, entre novos cancioneiros e rappers voltados a um público adulto. Zé Ibarra, Dora Morelenbaum e Tássia Reis são alguns desses nomes.
“A nossa vocação é menos ir atrás do que as pessoas estão consumindo e mais tentar fazer elas consumirem o que a gente acredita que vale”, afirma Andrade, que neste ano também elencou apresentações de Cátia de França, Lazzo Matumbi e Mateus Aleluia para o festival nomes que foram redescobertos nos últimos anos por um público maior.
Tanto essa redescoberta quanto a ascensão de nomes que hoje são habitués do festival, como Tim Bernardes, são, em parte, resultado de um ecossistema de gravadoras alternativas a grandes companhias, diz Andrade. “Selos como Risco, Balaclava, Rocambole e a própria Coala Records tem renovado a cena e se conectado com uma juventude ligada a esse indie.”
O termo, que se refere a independente, não reflete exatamente o que é o Coala. O festival é hoje um dos mais importantes do Brasil e ocupa um espaço conhecido como “midstream” entre o mainstream, do The Town, e o underground da total independência.
COALA FESTIVAL
– Quando Sex. (5) a dom. (7)
– Onde Memorial da América Latina – av. Mário de Andrade, 664, São Paulo
– Preço De R$ 200 a R$ 570, à venda em www.totalacesso.com/events/coalafstvl2025