RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O jornalista Acaz Fellegger morreu nesta sexta-feira (5), aos 59 anos, vítima de complicações de um câncer. A informação foi divulgada pela sua esposa, Patrícia Mendes, nas redes sociais.

Esposa lamenta a perda e pede orações. Em post nas redes sociais, Patrícia se despediu do marido: “É com muito pesar e muita tristeza que informo o falecimento do meu companheiro de vida, Acaz Fellegger. Ele foi um guerreiro! Peço orações para que sua passagem seja de muita luz. Em breve, trarei informações sobre o velório. Obrigada a todos que de alguma forma oraram pela sua recuperação. Muito obrigada!”

Carreira e legado. Acaz Fellegger era jornalista reconhecido por sua trajetória na cobertura de temas variados e pelo compromisso com a informação precisa. Ele deixa amigos, familiares e admiradores, que lembram seu profissionalismo e dedicação à comunicação.

Ele estava internado no Hospital São Camilo, em São Paulo, e deixa, além da esposa Patrícia, a filha Maria Clara.

Acaz trabalhava como assessor de imprensa e ganhou notoriedade nos tempos de Palmeiras e por ser o fiel escudeiro do técnico Luiz Felipe Scolari.

Formado pela FIAM em 1987, começou a trabalhar como repórter ainda na fase universitária. Atuou em jornal de bairro e emissoras de rádio de Guarulhos, do Grande ABC, de Limeira e Mogi Mirim.

Em 1991, começou na TV Gazeta. Em 1994, foi o primeiro repórter contratado pelo SporTV. Em 1997, recebeu convite da Parmalat através do diretor Paulo Russo e assumiu a comunicação do Palmeiras. Foi nesse ano que ele conheceu Felipão.

RELAÇÃO DE LEALDADE COM SCOLARI

O primeiro encontro com o treinador foi em junho de 1997, na antessala de troféus do Palmeiras, pouco antes da apresentação do técnico que viria a ser um dos maiores da história do clube.

Acaz já o havia entrevistado nas transmissões do Sportv, nas finais do Gaúcho em 1995 e 1996, mas o cotidiano do Palmeiras criou uma proximidade que persistiu até o fim da vida do assessor.

Ele classificou a relação com Felipão com um termo: lealdade.

Quando saiu do Palmeiras, Acaz então abriu uma empresa própria de assessoria de imprensa. Scolari era seu carro-chefe.

Também passou a trabalhar com jogadores daquele histórico time campeão da Libertadores 1999, como Arce, Roque Júnior, Agnaldo Liz, Júnior, César Sampaio, Rogério, Galeano, Alex e Asprilla.

Com o peso de um técnico que seria campeão do mundo com a seleção, foi aumentando sua carteira de clientes. Vieram Deco, Daniel Alves, Hulk, Giuliano, Fabinho (ex-Liverpool) e Raphael Veiga.

Acaz não poupava esforços para defender os seus.

As ligações para repórteres eram frequentes, quando ele discordava de uma crítica ou do tom de uma matéria.

Acaz era um sujeito intenso. Para viajar tanto por causa do futebol, para defender clientes e também para tentar apresentar argumentos na tentativa de comprovar um ponto de vista.

Com esse lado incisivo, é fácil achar quem em algum momento teve conflito ou ficou com a orelha quente de tanto ouvi-lo. Mas também é fácil achar quem o respeitasse muito pelo que construiu na carreira.

Acaz foi um dos precursores de um trabalho mais profissional de assessoria de imprensa em São Paulo. Olhava o Barcelona, por exemplo, e queria repetir. Ainda que isso significasse uma mudança de cultura e um ambiente mais fechado.

“Foi precursor em assessoria de imprensa em clubes de futebol, ajudando a profissionalizar uma função que até então não existia. Deixou legados importantes no que diz respeito às entrevistas coletivas em treinos e jogos, com a escolha de um ou dois atletas por dia após os treinamentos, e a ‘zona mista’, quando vários atletas davam entrevistas simultaneamente também após treinos e jogos, de forma organizada, e não mais dentro dos vestiários como antes acontecia”, diz Fábio Finelli, que foi assessor de imprensa do departamento de futebol do Palmeiras, entre 2007 e 2012, e conviveu com Acaz no período em que Felipão treinou o clube, entre 2010 e 2012.

Um exemplo do tanto que Acaz viajou na vida é o número de finais de Libertadores. Ao todo, ele esteve em dez, desde 1992. A mais recente foi a de 2024, quando o Botafogo venceu o Atlético-MG em Buenos Aires. Estava acompanhando Felipão, convidado por um dos patrocinadores do torneio.

Fã de rock (foi a oito shows do Iron Maiden), também curtia Carnaval. Ao longo de 25 anos, manteve um relacionamento com Patricia Mendes, que rendeu uma filha, nesta sexta-feira (05) com 16 anos.

A saúde nos últimos meses se deteriorou após o diagnóstico de câncer. A doença, inclusive, afetou sua visão.

O tempo de ligações cessou. Chega de viagens por tantos cantos do país — de capitais ao interior. Chegou a hora de descansar.

“Vivo intensamente o futebol. E agradeço todos os dias.” Acaz Fellegger