SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O agente policial Caio Bruno, 33, do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes), foi agredido até a morte, segundo o depoimento dos suspeitos presos por envolvimento no crime ocorrido na favela do Gato, no Bom Retiro, centro de São Paulo, na noite de terça (2).

Dos cinco detidos, quatro confessaram terem participado da sessão de espancamento, que incluiu golpes com capacete, socos e chutes. Eles negam que tenham dado pauladas no policial. A informação foi passada para a reportagem por um policial que atua na investigação.

Todos os cinco tiveram a prisão preventiva (sem prazo) decretada pela Justiça, incluindo o único suspeito que nega ter agredido Caio Bruno.

As agressões tiveram início após o investigador tentar invadir um apartamento do CDHU Parque do Gato, que faz parte da favela, conforme os depoimentos. A investigação está concentrada no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

A reportagem teve acesso a um vídeo que mostra o policial ainda vivo, em pé, com o rosto ensanguentado, escorado em um parapeito. Sem forças, ele só balança a cabeça. Um homem diz: “Vai dar tiro nos outros agora”. Uma voz de fundo ameaça: “Vai morrer”. A cena é observada por homens e mulheres. Ao fundo é possível ver os apartamentos da unidade habitacional. O diálogo é gravado pelos presentes com telefones celulares.

Os investigadores trabalham com a hipótese de que ao menos um dos presos seja faccionado, ou seja, pertença a uma organização criminosa.

A investigação tenta traçar os passos de Caio Bruno para saber o que ele fazia sozinho na favela, que fica a menos de 1 km da unidade a qual estava lotado.

Ainda na noite de terça, segundo policiais militares, um homem foi levado ao Pronto-Socorro Santana, com um ferimento de arma de fogo na perna. Ele disse aos policiais militares que havia se envolvido em uma briga com um policial civil quando foi atingido.

Como era procurado pela Justiça, o homem ferido foi detido. Ele disse que o policial havia se desentendido com moradores da comunidade após tentar arrombar a porta de um apartamento, dando início à confusão. A versão explicaria a situação mostrada no vídeo, em que Caio Bruno é interpelado por ter disparado um tiro em alguém.

A arma do policial civil, uma pistola 9 milímetros, foi encontrada ao lado do corpo, segundo registro da Polícia Militar.