LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Ao menos dois brasileiros foram feridos no acidente com o Elevador da Glória, em Lisboa. A confirmação foi dada pelo diretor do Serviço Nacional de Saúde, Álvaro Almeida, à Folha nesta quinta-feira (4).

Ambos sofreram ferimentos leves, foram atendidos em uma unidade de saúde e, depois, liberados. Um dos homens foi atendido num hospital de Sintra.

O Elevador da Glória, conhecida atração turística na capital portuguesa, descarrilou na quarta-feira (3). De acordo com o jornal O Público, o acidente foi causado por um cabo de segurança que se rompeu, fazendo com que o funicular se chocasse contra um prédio.

Segundo Margarida Castro Martins, diretora do Serviço de Proteção Civil de Lisboa, há cidadãos de mais dez nacionalidades entre os 22 feridos, sendo 7 em estado grave. Há pessoas de Portugal, Alemanha, Espanha, Coreia, Cabo Verde, Canadá, Itália, França, Suíça e Marrocos. Além dos dois brasileiros, outras 13 pessoas tiveram ferimentos leves.

Há 16 mortos confirmados no acidente. Apenas um deles foi identificado: o português André Marques. Ele atuava como guarda-freios do funicular. O guarda-freios é o único funcionário desse tipo de veículo. Atua recolhendo bilhetes dos passageiros, abrindo e fechando as portas e acionando os freios em situações de emergência.

As autoridades portuguesas haviam afirmado na manhã desta quinta que duas pessoas feridas teriam morrido no hospital, elevando o número de óbitos de 15 para 17, mas horas depois o primeiro-ministro, Luís Montenegro, corrigiu a informação.

A multiplicidade de nacionalidades entre os feridos se deve ao fato de que o Elevador da Glória se situava em área muito frequentada por turistas. O veículo, no entanto, era usado também por muitos lisboetas. De acordo com o canal de notícias SIC, cinco funcionários da Santa Casa de Lisboa estavam no funicular, e a instituição confirmou que quatro morreram. “A família Santa Casa está de luto e as palavras não chegam para expressar a enorme tristeza que nos une neste momento de dor e consternação”, disse o hospital em nota.

Dois morreram e três estão feridos. Essa informação ainda não foi confirmada oficialmente. Uma das entradas do hospital, em frente à Calçada da Boa Hora, situa-se justamente no ponto inicial do veículo na parte alta da colina. Os funcionários usavam a condução habitualmente, nos dois sentidos, para economizar uma longa caminhada pela escadaria da Calçada do Duque.

Os 16 corpos foram levados ao Instituto de Medicina Legal de Lisboa ao longo da noite, em oito viagens, dois corpos por ambulância. Em entrevista coletiva, Francisco Corte Real, presidente do Instituto, disse que recebera reforços vindos de todo o país e o trabalho de identificação dos corpos estaria concluído no máximo às 12h.

Findo o prazo, os trabalhos não haviam terminado. O Ministério da Justiça, que coordena os trabalhos, disse que em alguns casos seriam necessários exames de arcada dentária ou perícia genética para identificar os corpos.

Esse é o segundo acidente nos últimos anos envolvendo o funicular, inaugurado originalmente em 1885 —ele completa 140 anos em outubro. Em 2018, em episódio que não deixou feridos, o veículo descarrilou, mas não chegou a tombar, após uma falha de manutenção.

O Elevador da Glória percorre um trajeto de 265 metros de distância e 44 metros de altura, conectando a Praça dos Restauradores, no bairro da Baixa, ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no bairro Alto de Lisboa. Em 2002, foi considerado Monumento Nacional de Portugal, junto com os outros dois funiculares da capital portuguesa: o Elevador da Bica e o do Lavra. Ele transporta cerca de 3 milhões de pessoas todos os anos.

A Calçada da Glória, onde ocorreu o acidente, começa na Avenida da Liberdade, conhecido ponto turístico lisboeta que reúne as lojas de luxo da capital, com marcas como Prada, Chanel, Louis Vuitton e Armani.

O descarrilhamento ocorreu às 18h08 (14h08 em Brasília) de quarta, quando o elevador fazia uma curva na Calçada da Glória. Imagens mostram o funicular completamente destruído após o acidente.

O primeiro-ministro decretou um dia de luto nacional para esta quinta-feira. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, lamentou o acidente. “O Presidente da República apresenta o seu pesar e solidariedade às famílias afetadas por esta tragédia e espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes”, afirmou Marcelo em nota.

A Carris, empresa de Lisboa responsável pelo transporte urbano, disse em nota que o veículo estava com a manutenção em dia.

“Foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção. A manutenção geral é feita a cada quatro anos e ocorreu em 2022, e a reparação intercalar é concretizada de dois em dois anos, tendo a última sido em 2024. Também têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária”, afirmou o comunicado.