SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma eventual quebra do Banco Master não representa um risco para o sistema financeiro do Brasil, dizem analistas. Para eles, o banco não é grande o suficiente para contaminar o setor. Além disso, o FGC (Fundo garantidor de Crédito) assegura muitos credores em caso de falência.

“O Master não é um banco que tem um tamanho para apresentar um risco sistêmico e não tem uma disseminação ao longo de clientes e de tomadores de crédito. O problema dele sempre caiu na questão dos depósitos garantidos pelo fundo garantidor”, diz Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating.

A saúde do banco voltou aos holofotes após o Banco Central indeferir, nesta quarta-feira (3), o perímetro de compra do Master pelo estatal BRB (Banco de Brasília).

Segundo a Folha de S.Paulo, a negativa se deu pelo risco de sucessão, pois o BRB teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master e poderia não ter patrimônio suficiente para fazer frente ao risco.

A maior parte do financiamento do Master vem de CDBs (Certificados de Depósito Bancário), que correspondem a 62% dos depósitos da instituição (R$ 30,87 bilhões), segundo as últimas informações financeiras divulgadas, de dezembro de 2024.

Mas CDBs são dívidas que o banco precisa pagar em um determinado prazo. Para isso, o banco teria que vender grande parte dos seus ativos, dizem analistas.

Para atrair mais investidores e aumentar o seu balanço, o Master oferta uma remuneração acima da média do mercado para seus títulos, que tem a vantagem de serem protegidos pelo FGC.

O fundo garantidor, constituído com recursos de todos os bancos, devolve até R$ 250 mil por CPF em caso de calote e tem capacidade de cobrir uma eventual falência da instituição.

O FGC, inclusive, já liberou uma linha de empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões para fazer frente aos vencimentos dos CDBs do Master.

“[A eventual falência do Master] seria um rombo gigantesco no FGC. Seria bom que [a venda] fosse aprovada, pois adequaria um problema sem impacto. Seria uma solução”, diz Fernando Bresciani, analista do Andbank.

Apesar do tamanho do eventual prejuízo, Bresciani não vê risco sistêmico. “Os bancos estão saudáveis. O Pine, por exemplo, é sólido, com uma inadimplência em 4,5%. Esta todo mundo fazendo a lição de casa no crédito. O Master é ponto fora da curva.”

Analistas também afirmam que é provável que ativos do Master sejam adquiridos por outras instituições, como fez o BTG Pactual em maio.

“Acho que ainda estamos longe de um desfecho. Agora é entender a viabilidade do negócio para fatiar os ativos e vendê-los ou liquidá-los é a melhor saída”, diz Rafael Schiozer, professor de Finanças da FGV-SP.

Tanto o Master quando o BRB sinalizaram que irão recorrer da negativa do BC.

“O Banco Master aguarda ter acesso à íntegra do documento para avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis sobre a decisão do Banco Central a respeito da negociação com o BRB. O banco continua confiante na sua estratégia e na sua operação, que fizeram com que se destacasse num mercado altamente concentrado”, disse o Master, em nota.

Já o BRB solicitou acesso aos argumentos que embasaram a decisão e, segundo a Folha de S.Paulo, segue acreditando nos fundamentos da operação.