SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) elaborou uma cartilha educativa explicando como os influenciadores digitais podem falar sobre suicídio online da melhor maneira. A campanha faz parte do Setembro Amarelo, mês de ações de conscientização e prevenção do suicídio.

A campanha, presente no Brasil desde 2013, tem o objetivo de incentivar o diálogo sobre saúde mental de forma responsável, divulgando formas que as pessoas em sofrimento psíquico possam buscar ajuda. Considerando que, cada vez mais pessoas estão recorrendo à internet e à inteligência artificial para cuidar da saúde mental, a orientação se faz necessária, segundo a cartilha.

“Começamos a ver muitas pessoas falando para chamar privadamente para poder ajudar com a saúde mental”, afirma o presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva. “Então vamos pelo menos mostrar que é muito grave falar absurdos, falar coisas que não conhece e prometer ajuda.

Ele reforça que é imprescindível indicar e procurar um especialista, e que a suicidologia —estudo do suicídio— é uma questão muito série e deve ser tratada como tal. Para o psiquiatra, o mote da campanha é agir e conscientizar, quebrar os estigmas e mostrar saídas para as pessoas.

O guia, elaborado especificamente para influenciadores digitais e criadores de conteúdo, traz exemplos de postagens e explicita o que se deve ou não fazer ao falar sobre suicídio, a fim de não prejudicar ou desenvolver gatilhos em quem está com ideações suicidas ou sofrimento psicológico.

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O que não deve ser feito

Divulgar detalhes das histórias de suicídio ou citar métodos utilizados; isso pode gerar gatilhos

Romantizar o sofrimento da pessoa que cometeu suicídio

Repostar imagens, bilhetes ou áudios sensacionalistas

Oferecer ajuda via mensagens diretas, como se fosse um terapeuta

Postar testes de autodiagnóstico online

Dizer coisas superficiais como “vai passar” ou “pense positivo”

Evitar termos como “louco”, “depressivo” ou “pirado”; troque por “pessoa com depressão”, “vivendo um momento difícil” e “em sofrimento”

Sugerir tratamentos sem embasamento científico

Estimular uso de álcool e drogas

Divulgar jogos de azar

O que você pode e deve falar

Incentivar a busca por ajuda profissional: psiquiatras, psicólogos, e locais que fazem atendimento de saúde mental, como Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e projetos específicos de diferentes regiões

Falar sobre praticar autocuidado, a importância da saúde mental e do apoio entre amigos e família

Compartilhar conteúdos confiáveis, de fontes institucionais como a OMS (Organização Mundial de Saúde), a ABP e o Ministério da Saúde

É válido dar espaço para histórias de superação, mas com respeito e ética, sem romantizar momentos difíceis

Dizer que cada tratamento é único, e não existe receita pronta de internet para cuidado em saúde mental

Ajudar a combater o preconceito contra pessoas com transtornos mentais

Usar uma linguagem acolhedora, gentil e sem julgamentos, combinando informação e afeto

ONDE BUSCAR AJUDA

CVV (Centro de Valorização da Vida)

Voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188 ou pelo site www.cvv.org.br

Mapa Saúde Mental

Site mapeia diversos tipos de atendimento: www.mapasaudemental.com.br