SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O porta-voz do Exército de Israel Effie Defrin afirmou nesta quinta-feira (4) que o país já controla 40% da Cidade de Gaza, como parte da ofensiva do governo Binyamin Netanyahu para tomar o maior centro urbano do território palestino.
O primeiro-ministro tem intensificado a ofensiva em Gaza. O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, informou que os ataques israelenses mataram ao menos 53 pessoas nesta quinta, das quais 35 na Cidade de Gaza, onde as forças israelenses avançaram pelos subúrbios e agora estão a poucos quilômetros do centro.
“Continuamos a danificar a infraestrutura do Hamas. Hoje controlamos 40% do território da Cidade de Gaza”, disse Defrin, em entrevista coletiva, citando os bairros de Zeitoun e Sheikh Radwan. “A operação continuará a se expandir e se intensificar nos próximos dias.”
O gabinete de segurança de Israel, presidido pelo premiê, aprovou no mês passado um plano para expandir a campanha militar de quase dois anos em Gaza para tomar a cidade.
Defrin confirmou que o chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, disse a ministros do gabinete que, sem um plano para o pós-guerra, seria necessário impor governo militar em Gaza. Membros da ala ultradireitista do governo de Netanyahu têm pressionado para que Israel estabeleça uma ocupação e crie assentamentos no território, a exemplo do que acontece na Cisjordânia ideia que o primeiro-ministro até agora rejeitou.
Na última sexta-feira (29), o Exército informou que as anteriormente anunciadas pausas humanitárias diárias de 10 horas na Cidade de Gaza seriam canceladas, pois o local “constitui uma zona de combate perigosa”.
Nesta terça (2), um novo ataque matou pelo menos cem pessoas no território, das quais 35 na Cidade de Gaza, segundo o escritório de mídia do governo local, controlado pelo Hamas. Entre os mortos estava o jornalista local Rasmi Salem.
As Forças Armadas israelenses não responderam imediatamente a um pedido de comentário, mas afirmaram que seus militares estão combatendo terroristas nos arredores da cidade, destruindo túneis e infraestrutura e apreendendo armas do Hamas.
Ainda na terça, a Rádio do Exército de Israel informou que cerca de 40 mil reservistas começaram a se apresentar ao serviço.
Israel vem enfrentando crescente crítica internacional devido à crise humanitária em Gaza, e pressão interna para o fim da guerra e o retorno dos reféns mantidos pelo Hamas. As negociações indiretas de cessar-fogo em Doha, no Qatar, foram interrompidas.
Israel lançou sua ofensiva contra a Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois que membros do Hamas atacaram comunidades israelenses, matando 1.200 pessoas e capturando mais de 250 reféns.
Desde então, a ação militar de Tel Aviv matou cerca de 63 mil pessoas, danificou ou destruiu a maioria dos edifícios no território e forçou quase todos os seus residentes a fugir de suas casas pelo menos uma vez. Um monitor global da fome utilizado pelas Nações Unidas afirma que partes do território sofrem uma fome provocada por ação humana, o que Israel também nega.