SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O BC (Banco Central) rejeitou nesta quarta-feira (3) a aquisição do Banco Master, de Daniel Vorcaro, pelo estatal BRB.

As negociações entre os dois bancos se estendiam ao menos desde março e envolveram disputas judiciais, movimentos de lideranças políticas e análises de operações arriscadas com precatórios e CDBs do Master.

Veja, abaixo, a cronologia do caso até aqui.

28 DE MARÇO

O BRB anuncia a aquisição de 58% das ações do Banco Master, após aprovação por seu conselho de administração, numa operação com valor em torno de R$ 2 bilhões.

31 DE MARÇO

Após o anúncio do negócio, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem primeira reunião com o presidente do BRB (Banco de Brasília), Paulo Henrique Costa, para falar do negócio.

1° DE ABRIL

Ministério Público do Distrito Federal abre inquérito civil para investigar a aquisição, já que o BRB tem como maior acionista o governo distrital.

5 DE ABRIL

Gabriel Galípolo faz reunião extraordinária com os quatro maiores bancos privados do país para discutir uma solução para os ativos do Master que não seriam adquiridos pelo BRB por serem considerados de maior risco. A expectativa, na ocasião, era de um acordo envolvendo o uso do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

6 DE ABRIL

O BRB encontra R$ 2 bilhões a mais em ativos de maior risco e baixa liquidez no Master, retirando-os da operação. Valor de ativos que seriam apartados do Master sobe para R$ 25 bilhões.

7 DE ABRIL

TCU (Tribunal de Contas da União) decide abrir processo para apurar eventual omissão do Banco Central em negócios feitos entre o Banco Master e fundos de prefeituras e estados.

11 DE ABRIL

Galípolo se reúne com Daniel Vorcaro, dono do Master. Vorcaro também participa de outras conversas com diretores da autoridade monetária.

22 DE ABRIL

Em comissão no Senado, Galípolo diz que o Banco Central analisa a viabilidade econômica da operação em qualquer processo de fusão ou aquisição entre instituições, não a conveniência da compra ou venda dos ativos

29 DE ABRIL

Galípolo descarta a existência de qualquer risco sistêmico no setor bancário ao ser perguntado sobre um eventual contágio da crise do Master ao restante do mercado.

30 DE ABRIL

MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) ajuiza uma ação civil pública que questiona a aquisição de parte do Master pelo BRB (Banco de Brasília), e Promotoria pede decisão liminar para impedir o contrato definitivo da compra.

1° DE MAIO

Folha de S.Paulo informa que o empresário Joesley Batista, acionista da J&F, começou a negociar a compra de ativos pertencentes a Vorcaro. A operação poderia envolver a compra de ativos pessoais do banqueiro e uma parte da fatia que não interessou ao BRB.

5 DE MAIO

BRB e Master pedem ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a aprovação integral e em rito simplificado da operação entre as duas instituições.

6 DE MAIO

Justiça do DF proíbe BRB de assinar contrato de compra do Banco Master, atendendo ao pedido do Ministério Público.

9 DE MAIO

BRB consegue derrubar liminar que proibiu o banco de assinar o contrato, abrindo caminho para a conclusão da operação.

27 DE MAIO

Vorcaro fecha negociação com BTG Pactual, de André Esteves, para a venda de ativos no valor de cerca de R$ 1,5 bilhão. O negócio incluiu ações de empresas como Light e Méliuz, além de precatórios e imóveis como o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.

13 DE JUNHO

BRB entrega ao BC documentos pendentes referentes à compra da fatia do Master, iniciando prazo da análise da transação pela autoridade monetária.

17 DE JUNHO

Superintendência do Cade aprova sem restrições compra de fatia do Master pelo BRB, deixando a operação pendente apenas de aprovação do Banco Central.

18 DE JUNHO

BC aprova aumento de capital do Master em R$ 1 bilhão.

19 DE JULHO

Galípolo se reúne novamente com Vorcaro para tratar da análise final da operação pelo BC

29 DE JULHO

BRB faz nova proposta ao Banco Central para comprar apenas um terço do Master, numa aquisição envolvendo R$ 25 bilhões, cerca de metade do plano inicial. Valor de ativos remanescentes do Master sobe para R$ 48 bilhões.

4 DE AGOSTO

BC aprova novo aumento de R$ 1 bilhão no capital do Banco Master, de R$ 3,763 bilhões para R$ 4,763 bilhões, cumprindo exigência para o acordo com o BRB.

13 DE AGOSTO

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios decide barrar a compra até que a operação seja aprovada pela Câmara Legislativa do DF e pelos acionistas do banco estatal.

19 DE AGOSTO

Câmara Legislativa do Distrito Federal autoriza BRB a comprar o Master.

22 DE AGOSTO

BRB informa que ativo de partida do Banco Master na operação para união dos bancos foi estabelecido em cerca de R$ 24 bilhões, confirmando a diminuição da aquisição.

2 DE SETEMBRO

PP e outros partidos do centrão desencadeiam ofensiva na Câmara dos Deputados para aprovar um projeto de lei que dá poderes ao Congresso Nacional para demitir diretores e o presidente do Banco Central.

4 DE SETEMBRO

BC rejeita aquisição do Master pelo BRB.