RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma operação das polícias Civil e Militar deixou oito homens mortos nesta quinta-feira (4) na comunidade da Vila Aliança, zona oeste do Rio. Segundo a PM, dois deles foram baleados após manterem um pastor e uma criança reféns dentro de uma casa. As vítimas foram libertadas sem ferimentos.
A ação teve como alvos principais Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, apontado como chefe do tráfico no Muquiço e acusado de ser o responsável pelo assassinato da jovem Sther Barroso dos Santos, em agosto, em Senador Camará; e José Rodrigo Gonçalves Silva, o Sabão da Vila Aliança, suspeito de ordenar o ataque a tiros contra um helicóptero da Polícia Civil em março, que deixou um copiloto baleado na cabeça.
Segundo a PM, quatro fuzis e diversas pistolas foram apreendidos. Dois homens foram presos ao tentar usar um ônibus como barricada. Durante os confrontos, criminosos incendiaram lixo, atravessaram veículos nas ruas e dispararam contra helicópteros. Ao menos seis ônibus e dois caminhões foram usados como bloqueios.
Moradores da região relataram momentos de pânico. Passageiros na estação de trem de Senador Camará precisaram se deitar no chão dos vagões para se proteger dos tiros. Alunos do colégio GET Mario Fernandes Pinheiro também se abrigaram dentro da escola.
O centro de operações da Prefeitura do Rio orientou motoristas a evitar a região. Por causa dos disparos, trens e ônibus chegaram a suspender temporariamente a circulação.
A operação contou com apoio de helicópteros e blindados, além da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e das subsecretarias de inteligência da PM e da Polícia Civil.
O CASO STHER
Sther Barroso, 25, foi morta na madrugada de 17 de agosto, após se recusar a deixar um baile funk acompanhada de Coronel, segundo relatos de familiares. Ela foi espancada e, segundo a família, também estuprada antes de ser deixada desacordada na porta de casa, na Vila Aliança.
Preso em 2012 e solto em 2017 após cumprir parte da pena por associação ao tráfico, Coronel passou a ostentar joias, cordões de alto valor e até um mico-leão-dourado em postagens nas redes sociais. Investigações apontam que ele tinha o hábito de executar desafetos e ocultar os corpos em blocos de concreto lançados em rios.
Seu nome também aparece em inquéritos sobre a morte de um policial militar e no esquema de roubo de ferro de trilhos, repassado a milicianos da zona oeste para a construção de prédios.