SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em agosto, o Grupo Armani -que reúne as marcas de moda Giorgio Armani, Emporio Armani and A|X Armani Exchange-, foi multado em 3,5 milhões de euros pela justiça italiana devido a práticas comerciais desleais, um valor equivalente a cerca de R$ 22 milhões.
A decisão resultou de um inquérito do ano passado que identificou más condições de trabalho entre operários de fábricas contratadas para a confecção de itens das marcas. O imbróglio aconteceu poucos meses antes da morte do fundador do grupo, o estilista Giorgio Armani -ele morreu nesta quinta.
As fábricas investigadas eram localizadas próximas a Milão e faziam uso de mão de obra chinesa. Muitos dos trabalhadores não tinham documentos.
O órgão antitruste italiano, responsável pelo processo, alegou que o Grupo Armani havia “publicado anúncios de responsabilidade ética e social enganosos em contraste com as condições de trabalho encontradas nos fornecedores e contratados da empresa”.
Segundo a investigação do governo italiano, a maior parte da produção de bolsas e objetos de couro da Armani era terceirizada para essas fábricas. Ainda de acordo com a promotoria, trabalhadores envolvidos na confecção eram submetidos a más condições de segurança e saúde.
Outro agravante para a marca era a utilização de publicidade focada em bem-estar e práticas de sustentabilidade, elementos que não foram verificados em parte da cadeia de produção do Grupo Armani.
A investigação teve início quando a justiça italiana recebeu denúncias de que funcionários na linha de produção de itens da marca recebiam salários muito baixos e trabalhavam por muitas horas. O inquérito também incluía a Dior, a segunda maior marca do grupo LVMH, dono também da Louis Vuitton.
À época, os dirigentes da Dior e da Armani negaram as acusações. O Grupo Armani publicou uma nota afirmando que “as alegações não tinham mérito e que estavam confiantes em um resultado positivo da investigação”.
A sentença com a multa em agosto também foi contrariada pela empresa do estilista Giorgio Armani: “O grupo sempre operou com a máxima transparência e justiça com relação a consumidores, mercado, e outras partes interessadas, como demonstrado pela história da companhia.” A diretoria do grupo afirmou que recorreria da decisão.