BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (4), após se encontrar com Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não há uma definição sobre o avanço da anistia aos condenados por golpismo, tema que o governador de São Paulo tem defendido com mais ênfase nas últimas semanas.

“Nós estamos muito tranquilos com relação à discussão dessa pauta, não há ainda nenhuma definição. Nós estamos sempre ouvindo o colégio de líderes [partidários]”, disse Motta.

Motta e Tarcísio se reuniram em Brasília, na quarta-feira (3), para tratar da anistia, proposta que é defendida pelo governador, pelos bolsonaristas e por dirigentes do centrão para livrar da prisão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está sendo julgado nesta e na próxima semana no STF (Supremo Tribunal Federal).

“O governador é um querido amigo, é do nosso partido, nós temos dialogado sempre, não tem nenhuma novidade com relação a isso. O governador tem um interesse em que se paute a anistia, isso é público. E nós estamos ouvindo a todos. Estamos ouvindo os líderes que têm interesse [na anistia] e aqueles também que não têm interesse”, completou.

O encontro foi mediado pelo presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Os dois primeiros dias de julgamento da trama golpista coincidiram com a eclosão em Brasília de nova pressão pela anistia a Jair Bolsonaro, movimento com reflexo nos três Poderes e vinculado às eleições de 2026.

Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou à Folha que defende um texto que apenas reduza penas de condenados pelo 8 de Janeiro, sem inclusão do andar de cima, líderes do centrão e da oposição dizem não ver apoio a essa ideia nem no Senado —e calculam ter votos suficientes para aprovar um amplo perdão a todos os envolvidos.

Esse perdão, porém, manteria a inelegibilidade de Bolsonaro por condenações na Justiça Eleitoral, sacramentando a candidatura presidencial de Tarcísio, que desembarcou nesta semana em Brasília para atuar na linha de frente da articulação pró-anistia.

Em ala do STF (Supremo Tribunal Federal) e no governo Lula, a avaliação na quarta-feira (3) era a de que o caldo da anistia engrossou, e que Tarcísio busca chancelar de vez a candidatura presidencial amarrando o centrão a ele e dando uma resposta a bolsonaristas críticos ao seu nome.