PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) mandou para o líder do regime chinês, Xi Jinping, uma carta por meio do assessor especial Celso Amorim nesta semana.
Segundo Amorim, a carta seria entregue na tarde desta quinta-feira (4) ao chanceler Wang Yi para chegar nas mãos de Xi. O assessor especial afirma que o conteúdo da carta reforça a importância da cooperação entre os países no contexto da guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Os líderes têm conversado para encontrar saídas e novos investimentos frente às tarifas de Trump impostas ao Brasil e à China. No último telefonema, no início de agosto, Xi afirmou a Lula para, juntos, “dar exemplo da autossuficiência Sul Global”.
Na tarde desta quinta, em conversa com jornalistas, Amorim também disse que Lula e Xi participarão da próxima videoconferência do Brics no dia 8. A expectativa é que os líderes presentes conversem, entre outros assuntos, sobre como responder às pressões tarifárias.
“A Organização Mundial do Comércio é como se não existisse”, disse o assessor especial se referindo à guerra tarifária. “Porque realmente é um desafio saber como a gente vai regular o comércio, com que bases, que regras a gente vai seguir, ou vai ser só o uso da força e da pressão.”
O assessor especial veio à China para participar do desfile militar de comemoração dos 80 anos da vitória do país na Guerra da Resistência, contra o Japão, e na Guerra Mundial Antifacista, como Pequim chama a Segunda Guerra Mundial.
Amorim foi convidado por Yi no último telefonema entre os dois no início de agosto, quando o ministro chinês falou que “a China está disposta a trabalhar com o Brasil de modo a compensar as incertezas externas com a estabilidade e a complementaridade da cooperação bilateral”.
O assessor especial da presidência encontrou novamente Yi na tarde desta quinta, onde conversaram sobre as relações bilaterais e multilaterais dos países, a COP30 e os Brics, entre outros assuntos.
Na conversa com jornalistas, o assessor também comentou a presença dos Estados Unidos na costa venezuelana com navios de guerra e submarinos, dizendo que a situação é preocupante.
“O deslocamento de navios de guerra, inclusive de submarinos com capacidade nuclear, é preocupante, muito preocupante. Não ajuda na boa relação entre a América Latina e os Estados Unidos, que é muito importante. É preciso respeitar a América Latina e, nesse caso, a América do Sul como um continente próprio, com países que têm cada um as suas opções e não como, digamos, se fosse o quintal.”