SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de pessoas que se dizem a favor do uso de inteligência artificial em redes sociais, plataformas de streaming ou na condução de carros autônomos caiu ao longo dos últimos cinco anos, mostra pesquisa do Instituto Locomotiva divulgada nesta quinta-feira (4).

Dos oito setores acompanhados, o que mais gera desconfiança entre brasileiros é o de veículos que não precisam de um humano na direção: 24% se opõem, 51% apoiam em alguma medida, e 25% não são contra nem a favor. Em 2021, 67% das pessoas se diziam favoráveis.

O uso da IA em redes sociais para recomendar notícias que interessem ao usuário também recuou em aprovação: saindo de 73% em 2021 para 57% em 2025.

A pesquisa ainda avaliou o uso da tecnologia no atendimento telefônico (61% a favor), em sugestão de tratamentos (61%), direcionamento de conteúdo não noticioso (69%), sugestão de filmes (79%) e publicidade (67%), além de recomendação de trajetos em mapas (78%). O apoio à inteligência artificial apresentou queda acima da margem de erro de 2,5% em todos os critérios.

A pesquisa entrevistou uma amostra aleatória de 1.499 pessoas maiores de idade em todo o país, entre os dias 4 e 8 de julho.

Nesta edição, o levantamento aferiu quantas pessoas já utilizaram inteligência artificial no Brasil. A grande maioria (82%) diz já ter usado em tarefas pessoais, e 57%, no trabalho. Em 2021, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez —ainda antes do lançamento do ChatGPT em novembro de 2022— o acesso à tecnologia era mais restrito a profissionais especializados.

“Essa adoção massiva mostra o quanto a tecnologia pode ser útil, acessível e transformadora, mas também escancara a urgência de um uso consciente”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. “O risco de deixar que a IA pense por nós é de reforçar desinformações, enviesar decisões ou invisibilizar vozes”, acrescenta.

A pesquisa foi encomendada pelo IAV (Instituto Inteligência Artificial de Verdade), uma entidade apoiada por Luciano Huck e fundada pelo cientista da computação Evanildo Barros Junior e por Álvaro Machado Dias, neurocientista com livre-docência pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e colunista da Folha.

Segundo a pesquisa do Locomotiva, 96% dos brasileiros conhecem bem ou já ouviram falar de inteligência artificial. Contudo, a porcentagem de quem conhece IA cai de 81% nas classes A e B (renda domiciliar acima de R$ 8.000) para 66% nas classes D e E (abaixo de R$ 2.004), ficando em 73% no grupo intermediário.

O IAV divide os usos da IA entre “artificial de verdade” e “artificial de mentira”. O primeiro diz respeito aos usos vistos como positivos, como ferramentas de trabalho e estudo; o segundo, aos que lesam a sociedade, como golpes, notícias falsas e manipulação de imagens. O objetivo é oferecer à população os conhecimentos necessários para identificar qual é qual.